PF aumenta tensão entre bilionários com jatinho


Brasil 247

PF aumenta tensão entre bilionários com jatinhoFoto: Edição/247

MAIS DOIS AVIÕES FORAM APREENDIDOS PELA POLÍCIA FEDERAL, QUE NÃO PRETENDE DIVULGAR NOMES DOS DONOS, ALEGANDO "RISCO DE DESTRUIÇÃO DE PROVAS"; CITADO EM RUMORES, ANDRÉ ESTEVES (À ESQ.), DO BTG PACTUAL, NEGOU PERDA DE POSSE DE SEU FX-7, MAS COLUNA APONTA APREENSÃO DO AVIÃO DO SÓCIO MARCELO KALIM; PAULO MALZONI (À DIR.) E LÍRIO PARISOTTO (CENTRO) TAMBÉM SÃO CITADOS COMO ALVOS DA OPERAÇÃO POUSO FORÇADO

Marco Damiani _247 – Cresce a tensão no mundo dos milionários e bilionários "com jatinho". Desde a quarta-feira 20, numa verdadeira razzia sobre hangares estrelados, a Polícia Federal, a partir de investigação iniciada na Receita Federal, realiza apreensões de jatos executivos sob a suspeita de que seus proprietários não recolheram os impostos devidos. Já há oito aparelhos apreendidos – e mais quatro ordens de apreensão em cumprimento --, num lote de valor estimado em mais de R$ 600 milhões. Dois jatinhos foram apreendidos na manhã desta sexta-feira 22, nos aeroportos de Guarulhos e Campinas. Num esquema, de acordo com as suspeitas da Receita e da PF, fraudulento, os proprietários dos aviões apreendidos os mantinham em nomes de estrangeiros, de modo a não pagar impostos no Brasil. O que eles teriam apenas a fazer, para não caracterizar a propriedade, era impedir que seus aparelhos permanecessem por 90 dias seguidos dentro do País. Uma ida e volta a Nova York, por exemplo, e pronto!
Ouvido por 247, o departamento de comunicação da Polícia Federal em Brasília informou à repórter Andressa Anhelote que não haverá, por agora, a divulgação dos nomes dos verdadeiros proprietários desses sonhos alados. "Há o risco de que isso atrapalhe as investigações, com destruição de provas por parte dos suspeitos", registrou uma fonte oficial. Confirmou a fonte que esses "com jatinho" "são gente muito influente". Responsável pelo caso, o delegado Marcelo Siqueira já havia dito, em entrevista coletiva, na quarta 20, quando as primeiras apreensões ocorreram, que estava lidando com "pessoas de altíssimo poder aquisitivo". Ele fez questão de lembrar que essas pessoas "tinham todas as condições de pagar os impostos" correspondentes pelos bens. A alíquota, nos casos dos aviões executivos, é de 15% -- mas as multas pela sonegação podem custar o valor de até 50% dos aparelhos. Um Falcon X-7, da Dassault, por exemplo, como o pertencente ao banqueiro André Esteves, do Banco BTG Pactual, pode custar até US$ 40 milhões.
Ao 247, Esteves, por meio da assessoria de imprensa do BTG, disse ontem que o seu jatinho "está na TAM", referindo-se ao hangar da companhia aérea, no aeroporto de Congonhas. A assessoria adiantou que o aparelho pertence a ele, na pessoa física, com toda a situação tributária corretamente em dia (leia aqui).
O nome de um sócio do BTG Pactual, Marcelo Kalim, foi envolvido, nesta sexta, nos rumores sobre de quem, afinal, são os jatinhos apreendidos. Como se poderia imaginar – e é, efetivamente, o que está acontecendo -, o mundo dos "com jatinho" foi chacoalhado pelas apreensões. A tensão, entre esse estamento da população, vai chegando às alturas. A não divulgação da lista pela PF só fez aumentar o estresse. Segundo o jornalista Leandro Mazzini, da coluna Esplanada, feita a partir de Brasília, além de Kalim também o ex-sócio do Pactual Gilberto Sayão teve seu jatinho apreeendido. 247 procurou a assessoria do BTG para esclarecimentos a respeito da situação da aeronave de Kalim. Até 17h22, instante desse toque no computador, uma resposta não havia chegado. A assessoria da Vinci Partners, a empresa de investimentos montada por Sayão após sua saída do Pactual, respondeu. Foi feita ao 247 uma negativa sobre o rumor da apreensão de um jatinho de Sayão, com a ressalva, porém, de que poderia ocorrer de um dos jatos que ele já teve hoje pertencer a alguém que tenha cometido fraude, o que não seria da sua responsabilidade.
No mesmo rumor que envolveu o nome de André Esteves – cuja apreensão do jato Falcon F-X 7 foi negada por ele à assessoria imprensa do BTG Pacutal, como 247 registrou desde o primeiro momento (leia aqui) – surgiram, entre empresários, os nomes dos milionários Paulo Malzoni, titular do Grupo Malzoni, e Lírio Parisotto, dono do grupo Videolar. 247 procurou as respectivas assessorias. Às 18h20, a assessoria de Malzoni informou que "Malzoni não possui avião em nome dele". Até aquele momento, não havia retorno da equipe de Parisotto.
247 igualmente apurou que, entre o diz-que-diz em torno do caso, o nome do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, titular do grupo Caoa, também foi citado como tendo seu jatinho apreendido. Ele próprio negou o rumor, garantindo que todos os impostos correspondentes foram recolhidos. Para outros, o céu de brigadeiro de repente se fechou.

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