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Mostrando postagens de julho, 2011

Dívida pode ser boa. Juros altos é que são maus

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Os jornais repercutiram, nesta sexta-feira, um estudo encomendado pela BBC que mostra que o Brasil é, afora a Grécia – que não é parâmetro para ninguém, hoje – o país que mais paga juros por sua dívida pública no mundo, se comparado ao seu Produto Interno Bruto. Quem sabe dos sucessivos recordes mundiais dos juros brasileiros não se espantou com a notícia. Mas a matéria da BBC traz outro quadro, que mostra quanto os países devem, em títulos, também em relação a seu PIB. E aí é possível que se veja, graficamente, que a dívida pública brasileira, embora alta, está muito longe de ser uma das mais pesadas entre os 25 países pesquisados. Resumindo: pagamos muito, devendo nem tanto, embora não seja pouco. Ou ainda: se nossos juros fossem menores, com o mesmo esforço que fazemos hoje para pagá-los, teríamos captado muito mais recursos para investimentos públicos, sociais e econômicos. Existem razões para o recente crescimento da relação dívida, uns bons, outros maus. O

Os outdoors da Atea

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Nassif Do Terra Magazine Líder de associação de ateus: Somos cidadãos de segunda categoria Eliano Jorge Propagandas de ateus exibidas em outdoors de Porto Alegre (foto: Divulgação) Eles reclamam de discriminação, se veem subjugados, se sentem na pior casta social. E são os únicos que nem podem apelar para Deus. Trata-se dos ateus, que resolveram recorrer à publicidade para combater o preconceito. Obviamente, só remexeram a polêmica em relação às suas descrenças. Criada em 2008, a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) teve negados seus pedidos para manifestar sua falta de credo em anúncios nos ônibus de São Paulo, Salvador, Porto Alegre e Florianópolis a partir do fim do ano passado. Mas conseguiu propagar suas mensagens em outdoors da capital gaúcha neste mês de julho e ganhou repercussão na mídia. Um dos líderes da entidade, Daniel Sottomaior, queixa-se da premissa recíproca: - Falar mal de ateus, ninguém nota, isso não dá notícia - afirma em entr

A Arte De Ficar À Toa

Nassif     Sérgio Augusto - O Estado de S.Paulo   Por que o prazer da lentidão desapareceu?, pergunta-se Milan Kundera na abertura de sua primeira narrativa escrita diretamente em francês, et pour cause intitulada A Lentidão, que a Companhia das Letras acaba de reeditar. Perdeu-se o hábito de curtir a lentidão neste mundo cada vez mais movido pela pressa e pelo pragmatismo, lamenta o escritor checo, saudoso dos flâneurs de antanho, dos "heróis preguiçosos das canções populares" e dos "românticos vagabundos que dormiam sob as estrelas", criaturas da ociosidade quando esta ainda não era vista, única e exclusivamente, como sinônimo de desocupação estéril e parasitária.  Peguei para ler o livrinho de Kundera no embalo de um ciclo de palestras sobre o mais potente combustível da ociosidade: a preguiça. Magnífico tema, na contramão das rotineiras sociologorreias sobre o seu oposto, o trabalho, e também do falso bom senso moral, econômico e religioso qu

A ‘Disneylandia’ do filho de FHC

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Eduardo Guimarães A perseguição da mídia a Lula e à sua família não terminou depois que ele deixou o poder. Desde a semana seguinte à posse de Dilma Rousseff, em janeiro, que os ataques ao ex-presidente miram todo e qualquer aspecto de sua vida particular – desde os valores que cobra para dar conferências (como faz seu antecessor Fernando Henrique Cardoso desde que deixou o poder) até as atividades privadas de seus familiares. Essa perseguição obstinada, irrefreável e interminável acaba de ganhar mais um capítulo. Neste domingo, o jornal Folha de São Paulo expõe uma neta do ex-presidente-operário, Bia Lula, de 16 anos, que integra o elenco de uma peça de teatro que recebeu financiamento de 300 mil reais da operadora de telefonia OI. A matéria insinua que o financiamento só ocorreu devido à influência de Lula. Este post, porém, não pretende questionar a função fiscalizadora da imprensa nas democracias e, sim, a seletividade nessa fiscalização. Nã

Assentados do Norte Fluminense organizam a comercialização da produção

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Por Hermes Cipriano Desde 2005 o Movimento Sem Terra vem buscando alternativas de organização da comercialização dos produtos oriundos de assentamentos da reforma agrária na região Norte Fluminense, buscando melhores condições para os assentados. Uma iniciativa foi a organização de uma feira inicialmente na praça no parque Tamandaré em Campos dos Goytacazes, que atualmente funciona na UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense. A comercialização tem sido um gargalo desde a criação dos primeiros Projetos de Assentamento da Reforma Agrária que quase sempre acontece por meio de atravessadores, que são intermediários com poder aquisitivo e que já conhecem o mercado consumidor, e se utilizam deste conhecimento para intermediar a comercialização da produção agrícola com uma margem de lucro elevada. No ano de 2010 técnicos da COOPERAR elaboraram dois projetos para dar suporte à comercialização da agricultura familiar. Estes projetos estão relacionados a dois programa

Os assaltantes da consciência

Mauro Santayana Muitos cometemos o engano de atribuir a Goebbels a idéia da manipulação das massas pela propaganda política. Antes que o ministro de Hitler cunhasse expressões fortes, como Deutschland, erwacht!, Edward Bernays começava a construir a sua excitante teoria sobre o tema. Bernays, nascido em Viena, trazia a forte influência de Freud: era seu duplo sobrinho. Sua mãe foi irmã do pai da psicanálise, e seu pai, irmão da mulher do grande cientista. Na realidade, Bernays teve poucas relações pessoais com o tio. Com um ano de idade transferiu-se de Viena para Nova Iorque, acompanhando seus pais judeus. Depois de ter feito um curso de agronomia, dedicou-se muito cedo a uma profissão que inventou, a de Relações Públicas, expressão que considerava mais apropriada do que “propaganda”. Combinando os estudos do tio sobre a mente e os estudos de Gustave Le Bon e outros, sobre a psicologia das massas, Bernays desenvolveu sua teoria sobre a necessidade de manipular as massas, na so

Crime contra a humanidade: OTAN destrói suprimento de água líbio

Chico Villela Numa demonstração de covardia, impunidade e sanha criminosa, a OTAN acaba de destruir o sistema e as instalações de abastecimento de água e a indústria de equipamentos do maior sistema de irrigação do mundo (veja vídeo aqui ), criado pelo governo Gaddafi. A destruição, que nega as falsas postulações de uma ONU emasculada e fútil de “ proteção da população civil ”, compromete o futuro do país e de mais de 70% da população líbia, que recebe água desse sistema. Os atentados na Noruega atingiram um governo que apóia causas nobres mundo afora, prometeu reconhecer o Estado Palestino e vem retirando de sua planilha de investimentos as empresas israelenses responsáveis por construir colônias em ocupações em território palestino. Foi obra de ativistas de extrema-direita, que odeiam islâmicos e fazem reverências a Israel. Mas a Noruega também está presente com tropas no Afeganistão, entre outros Estados membros da OTAN. Essa dubiedade vem acompanhando todas as

Condenação sumária em rede nacional

   Pedro Barreto A imagem da TV é espetacular. Espetacular no sentido debordiano*. Jogadores de Vasco e Sport discutem no centro de campo. De repente, eis que surge, no canto esquerdo da tela, o goleiro Gustavo, do clube pernambucano, correndo, tomando impulso e deferindo um golpe com o pé direito na altura da nuca do jogador cruzmaltino Elivélton. O pescoço do jovem atleta da agremiação de São Januário imediatamente executa o que os ortopedistas denominam “chicote”, qual seja, o movimento da cabeça para trás e para frente, que, em muitas ocasiões, provoca a fratura da coluna cervical, podendo levar à tetraplegia. O jogador agredido vai ao solo. Logo se forma uma aglomeração de atletas em volta. Uma ambulância entra em campo. Elivélton é prontamente atendido e recebe os primeiros socorros. O evento se passou na última segunda (25/07), durante a Taça Belo Horizonte, que reúne atletas da categoria juniors. Elivélton, o agredido, tem 19; Gustavo, o agressor, 17. Durante todo o dia, pro

A Petrobras do mercado e a Petrobras do Brasil

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A Petrobras é uma empresa estatal, mas é também uma empresa comercial. Se for comercial, sem olhar os interesses do Estado brasileiro, fracassará e se enfraquecerá, como ocorreu no Governo Fernando Henrique. Porque, sendo assim, o Estado não teria porque apoiar a Petrobras, pois ela não teria razões para apoiar o Estado, como mera empresa privada. O inverso também é verdadeiro. Se depender só do Estado, a Petrobras igualmente fracassará, pois disputa um mercado competitivo, precisa de alto nível de eficiência e, sobretudo, de capacidade de gerar recursos próprios – e projeções de lucratividade que permitam a ela levantá-los no mercado. Bom, isso parece óbvio, mas é a chave para se entender o que aconteceu no “corta-isso, mantém- aquilo” que caracterizou a montagem do plano de investimentos da companhia. Ou seja, para que vão, quando vão e de que forma irão os US$ 224,7 bilhões que a Petrobras vai aplicar na expansão de suas atividades. Os investidores priva

Cuidar da Petrobras para quem?

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O professor Adriano Pires publicou, semana passada, texto fartamente reproduzido nos grandes jornais, como O Globo e o Brasil Econômico . “É preciso cuidar melhor da Petrobras”, diz ele já no título do artigo, onde critica a gestão da empresa, que estaria “politizada”. De fato, é preciso cuidar da Petrobras. A Petrobras não apenas é a empresa mais importante do Brasil, como a empresa mais importante para o Brasil. Portanto, como empresa estatal, construída com o dinheiro do povo brasileiro, também lhe cabe cuidar do Brasil O Professor Pires acha que cuidar da Petrobras é divorciá-la do Estado brasileiro. Administrá-la olhando apenas para o livro-caixa, como a uma quitanda, sem levar em conta um projeto de desenvolvimento do Brasil. O “casamento” entre o Brasil e a Petrobras, além do amor que os envolve, é um excelente negócio.Para ambos. Ele diz que a empresa perdeu R$55 bilhões do seu valor de mercado por conta de supostos prejuízos de vender gasolina e die

As aparências enganam, sim; que o diga o império midiático

Enio Squeff As reações dos ingleses ao escândalo do tablóide News of the World - uma espécie de arquétipo dos jornais do magnata Rupert Murdoch - proprietário do maior conglomerado midíatico do mundo (o News Corp ) - parecem se alinhar ao que seria proverbial na Inglaterra: a recusa aos embustes "muito evidentes". Mas há uma providencial distância, mesmo na Inglaterra, entre a verdade e a sua versão. Albert Finney, grande ator inglês, recusou o título de "sir" que a realeza britânica concede a certos cidadãos pela "relevância" de seu trabalho. Explicou que, como filho de operário, um título de "sir" não alteraria em nada seu status social - mas aumentaria o que ele considerava o pior defeito dos ingleses - o esnobismo. Achava que se se somasse a outros nomes de artistas, cantores, e atores seria apenas mais um a magnificar um laurel sem sentido algum. Ninguém se preocupou muito em julgá-lo um mal-criado que devia favores à rainha. Ma

O fascismo “templário” e “caçador de marxistas"

Portal Vermelho As razões dos atentados terroristas que vitimaram mais de 90 pessoas na Noruega na última sexta-feira (22) ainda não estão totalmente esclarecidas, mas nos escritos e declarações do autor confesso do crime revelados no domingo (24), há claros indicadores de uma perigosa ameaça às liberdades democráticas e à segurança da humanidade: o surgimento de um novo tipo de fascismo, cujas origens estão no seio da própria sociedade capitalista ocidental. Logo após o desastroso episódio, chegou-se a insinuar que os atentados teriam sido cometidos pela Al-Qaeda ou, no caso de uma iniciativa isolada, por um “terrorista-fundamentalista islâmico”. O massacre foi circundado de simbolismo. Primeiramente, foram detonados explosivos no bairro em que está a sede do governo de centro-esquerda norueguês, em Oslo. Em seguida, foi perpetrado um massacre em um acampamento de verão da juventude trabalhista. O documento de 1500 páginas, de autoria do terrorista, intitulado “Manif

A caixa-preta das igrejas

Silvio Santos bateu o martelo e disse que não vende mais as madrugadas do SBT para pregadores religiosos, mesmo que paguem milhões. Bispos e pastores estavam de olho naquele horário e ofereceram mundos e fundos para conquistá-lo. Por Eliakim Araujo, no Direto da Redação As ofertas partiram de todos, desde o bispão Macedo, em sua louca fixação para derrubar a Globo, até Romildo Ribeiro Soares, mais conhecido por RR Soares, cunhado de Macedo, que já tem sua TV mas é incansável na busca por mais espaços em outras redes. Também entrou na disputa um tal Malafaia, aquele que garantiu que iria arrecadar alguns bilhões dos fiéis para ter sua própria TV e deu com os burros n`água. Silvio, bom camelô, o homem que conseguiu dar a volta até na CEF, passando-lhe o mico preto do banco Pan-Americano antes que ele explodisse, deve ter pensado: “péra lá, se esses caras querem tanto esse espaço é porque algum faturamento eles vão ter lá na frente”. Não sei se ele pensou exatamente assi

RAIO EM CEU AZUL? ATIRADOR DE OSLO MILITOU POR 7 ANOS NO PARTIDO NORUEGUÊS DE EXTREMA-DIREITA, 2ª FORÇA DO PAÍS

A primeira reação da chamada grande imprensa diante dos atentados de dimensões catastróficas ocorridos em Oslo, em que morreram cerca de 90 pessoas, foi relacionar sua autoria a grupos terroristas islâmicos. O 'New Yok Times' chegou a divulgar um texto atribuído a um desses grupos, que confirmava a autoria dos massacres. A informação foi rapidamente replicada em todo o mundo, sem qualquer investigação empírica, como algo dotado de uma lógica autoexplicativa. Era falso. Tudo isso aconteceu antes que o próprio governo norueguês fornecesse uma pista para elucidar as motivações dos atentados. Quando se pronunciou, foi para advertir que as maiores suspeitas recaíam sobre Anders Behring Breivik, jovem branco, alto, louro, de olhos verdes e de classe média, islamofóbico, que militou durante sete anos (1999/2006) no Partido do Progresso, uma legenda norueguesa de extrema direita, nacionalista e xenófoba. Segunda força do país, com 29% dos votos e 41 cadeiras no Parlamento, o PP é

A disputa Cabral-Garotinho no Rio de Janeiro

Nassif Cabral atrai PR e Garotinho contra-ataca Paola de Moura (Do Valor) Um governador enfraquecido por sucessivas crises que enfrenta um antecessor de fogo morto que ataca para sobreviver. Assim é o atual cenário político do Estado do Rio de Janeiro. Cerceado em seus espaços políticos pelo governador Sérgio Cabral, o deputado federal Anthony Garotinho (PR) luta para não perder espaço político na guerra pelas prefeituras de 2012. Desde a crise dos bombeiros, em junho, todo o ambiente positivo que dava ao governador Sérgio Cabral uma ampla aprovação começou a ruir. O clima piorou depois do acidente com o helicóptero na Bahia, que revelou as relações mais próximas de Cabral com empresários como Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, que presta serviços ao governo estadual e com Eike Batista, controlador do grupo EBX. O fim da unanimidade, que, em grande parte, era sustentada pelo sucesso das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) fez a imprensa c

Para refletir sobre a ex-compra do Carrefour

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Tijolaço Sei que muitas pessoas se opuseram, de boa-fé, à operação do BNDES que visava abocanhar, com a associação ao Paão de Açúcar, um naco da rede francesa Carrefour, a segunda maior do mundo. Também a mim, como à grande maioria das pessoas, donos de supermercados não são exatamente as pessoas mais simpáticas do planeta. E houve uma falha gravíssima de comunicação que fez com que muitos entendessem que isso era “uma ajuda” a Abílio Diniz e um desperdício de recursos do BNDES que, muitos pensam, devem ser aplicados apenas onde a iniciativa privada não quer por dinheiro. E não em oportunidades de negócio que afirmem o país e abram, senão diretamente mercados, as portas para os mercados no exterior. Tinha tudo para ser um negócio altamente lucrativo para a subsidiária do BNDES que opera as participações acionárias do banco, captando dinheiro no mercado e reinjetando seus lucros no próprio BNDES, até para financiar seus empréstimos a baixo custo para aquele

O moderno reacionário é a porta de entrada do velho fascismo

Se você não entendeu a piada de Rafinha Bastos afirmando que para a mulher feia o estupro é uma benção, tranquilize-se. O teólogo Luiz Felipe Pondé acaba de fornecer uma explicação recheada da mais alta filosofia: a mulher enruga como um pêssego seco se não encontra a tempo um homem capaz de tratá-la como objeto. Por Marcelo Semer* Se você também considerou a deputada-missionária-ex-atriz Myriam Rios obscurantista ao ouvi-la falando sobre homossexualidade e pedofilia, o que dizer do ilustrado João Pereira Coutinho que comparou a amamentação em público com o ato de defecar ou masturbar-se à vista de todos? Nas bancas ou nas melhores casas do ramo, neo-machistas intelectuais estão aí para nos advertir que os direitos humanos nada mais são do que o triunfo do obtuso, a igualdade é uma balela do enfadonho politicamente correto e não há futuro digno fora da liberdade de cada um de expressar a seu modo, o mais profundo desrespeito ao próximo. O moderno reacionário é um subprod