BC não resiste às expectativas do 'mercado' e sobe juro pela 5ª vez
Em decisão unânime, Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumenta taxa de juros pela quinta vez no governo Dilma Rousseff. Risco de a inflação escapar dos limites oficiais empurra maior taxa do planeta para 12,5% ao ano. Já esperada pelo 'mercado', decisão foi criticada por trabalhadores e industriais. Comunicado lacônico do Copom começa a ser interpretado pelo 'mercado' como fim do ciclo de alta. BC dará explicação mais detalhada em uma semana.
André Barrocal
BRASÍLIA – Pela quinta vez no governo Dilma Rousseff, o Banco Central (BC) decidiu aumentar o maior juro do planeta, por entender que há riscos para segurar a inflação dentro dos limites autoimpostos pelo governo. O Comitê de Política Monetária (Copom), que reúne a diretoria do BC, decidiu nesta quarta-feira (20/07), por unanimidade, subir a taxa de 12,25% para 12,50%. A decisão era esperada pelo chamado “mercado”, mas foi condenada por sindicatos e entidades empresariais ligadas ao setor produtivo.
Em nota, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, disse que a elevação do juro “agrada” e “beneficia” o sistema financeiro, afeta a melhoria da renda dos trabalhadores e impede o desenvolvimento do país. Também em notas oficiais, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) afirmaram que o aumento vai prejudicar o setor porque atrairá dólares de investidores estrangeiros ao Brasil, mantendo o real caro para quem quer exportar.
As duas entidades cobraram do governo medidas que compensem a perda de competitividade da indústria produzida pelo dólar barato. Pediram desoneração de impostos, algo que o ministério da Fazenda estuda fazer mexendo em tributo destinado à Previdência Social incidente sobre a folha de salário. A Fazenda pretende transferir a cobrança para o faturamento das empresas, a fim de ajudar aquelas que possuem muitos empregados e são as mais afetadas pelo dólar barato – seja nas exportações, seja contra importações.
Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que horas antes da decisão do BC havia divulgado um boletim trimestral com análises sobre os rumos da economia, não havia motivo para o Copom subir os juros. Os principais fatores inflacionários estão sob controle, exceto as expectativas do “mercado”, que são virtuais mas têm poder de influenciar o mundo real.
Também horas antes da decisão do Copom, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula a inflação oficial do país, havia divulgado uma prévia do índice de julho, chamado de IPCA-15, que havia mostrado nova desaceleração dos preços. O índice foi de ,0,10%, e em junho tinha sido de 0,23%. O IPCA final de junho já havia sido o mais baixo em dez meses.
O “mercado”, no entanto, apostava em uma nova alta de juros, de 0,25 ponto percentual, porque já trava com o BC uma queda de braços sobre a inflação do ano que vem. O BC já disse publicamente que está trabalhando para que a meta de inflação do governo, de 4,5% ao ano, atinja o alvo em 2012. E, para o ano que vem, o “mercado” está prevendo, neste momento, que os preços vão subir 5,2%.
Apesar de ter sido a quinta vez que o juro sobe no governo Dilma, o BC produziu uma novidade ao final da reunião do Copom. A decisão é sempre comunicada numa nota curta – a explicação detalhada vem a público na quinta-feira da semana seguinte, quando a ata da reunião é divulgada. Desta vez, o breve comunicado foi mais lacônico do que de costume. Apenas uma frase: “Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50%, sem viés”.
O laconismo, que não dá nenhuma pista sobre o que pensam os diretores do BC, já está sendo interpretado pelo “mercado” como um sinal de que o ciclo de cinco aumentos seguidos do juro pode ter chegado ao fim. Vários analistas do "mercado" fizeram tal avaliação depois da reunião, em entrevistas em emissoras de TV e portais da internet. Para eles, não haveria mudança na taxa na próxima reunião do Copom, dia 31 de agosto.
Leia Mais:
Variáveis inflacionárias estão sob controle, menos expectativas do 'mercado'
Em nota, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, disse que a elevação do juro “agrada” e “beneficia” o sistema financeiro, afeta a melhoria da renda dos trabalhadores e impede o desenvolvimento do país. Também em notas oficiais, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) afirmaram que o aumento vai prejudicar o setor porque atrairá dólares de investidores estrangeiros ao Brasil, mantendo o real caro para quem quer exportar.
As duas entidades cobraram do governo medidas que compensem a perda de competitividade da indústria produzida pelo dólar barato. Pediram desoneração de impostos, algo que o ministério da Fazenda estuda fazer mexendo em tributo destinado à Previdência Social incidente sobre a folha de salário. A Fazenda pretende transferir a cobrança para o faturamento das empresas, a fim de ajudar aquelas que possuem muitos empregados e são as mais afetadas pelo dólar barato – seja nas exportações, seja contra importações.
Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que horas antes da decisão do BC havia divulgado um boletim trimestral com análises sobre os rumos da economia, não havia motivo para o Copom subir os juros. Os principais fatores inflacionários estão sob controle, exceto as expectativas do “mercado”, que são virtuais mas têm poder de influenciar o mundo real.
Também horas antes da decisão do Copom, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula a inflação oficial do país, havia divulgado uma prévia do índice de julho, chamado de IPCA-15, que havia mostrado nova desaceleração dos preços. O índice foi de ,0,10%, e em junho tinha sido de 0,23%. O IPCA final de junho já havia sido o mais baixo em dez meses.
O “mercado”, no entanto, apostava em uma nova alta de juros, de 0,25 ponto percentual, porque já trava com o BC uma queda de braços sobre a inflação do ano que vem. O BC já disse publicamente que está trabalhando para que a meta de inflação do governo, de 4,5% ao ano, atinja o alvo em 2012. E, para o ano que vem, o “mercado” está prevendo, neste momento, que os preços vão subir 5,2%.
Apesar de ter sido a quinta vez que o juro sobe no governo Dilma, o BC produziu uma novidade ao final da reunião do Copom. A decisão é sempre comunicada numa nota curta – a explicação detalhada vem a público na quinta-feira da semana seguinte, quando a ata da reunião é divulgada. Desta vez, o breve comunicado foi mais lacônico do que de costume. Apenas uma frase: “Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50%, sem viés”.
O laconismo, que não dá nenhuma pista sobre o que pensam os diretores do BC, já está sendo interpretado pelo “mercado” como um sinal de que o ciclo de cinco aumentos seguidos do juro pode ter chegado ao fim. Vários analistas do "mercado" fizeram tal avaliação depois da reunião, em entrevistas em emissoras de TV e portais da internet. Para eles, não haveria mudança na taxa na próxima reunião do Copom, dia 31 de agosto.
Leia Mais:
Variáveis inflacionárias estão sob controle, menos expectativas do 'mercado'
Comentários
Postar um comentário