Os minijobs: o lado escondido do “milagre” alemão

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Apresentada sucessivamente como a economia europeia que mais se tem fortalecido nos últimos anos, o “sucesso” alemão esconde uma economia em que o número de trabalhadores mal pagos tem vindo a aumentar explosivamente. Os “minijobs”, empregos de 400 euros e sem obrigações fiscais para o empregador, são o outro lado do “milagre” alemão.

Os minijobs: o lado escondido do “milagre” alemão
Um em cada seis trabalhadores na Alemanha recebe 400 euros, livres qualquer obrigação fiscal, em trabalhos pouco qualificados. São já mais de 7 milhões e 300 mil trabalhadores mal pagos, que recebem menos de dois euros por hora num dos países com o custo de vida mais elevado do mundo.
Os “minijobs” têm vindo a aumentar nos últimos anos. Em 2003 o seu número não chegava aos 5 milhões, e, de acordo com o diário Süddeutsche Zeitung, um em cada quatro novos postos de trabalho são esta forma de precariedade laboral extrema.
Por detrás de uma economia supostamente em plena expansão, e que atingiu o número mais baixo de desemprego da última década, esconde-se o número crescente de trabalhadores que não conseguem encontrar outro emprego que não um “minijob”.
Justificados, no seu início, como uma forma mais flexível de incentivar pequenos trabalhos temporários para os mais jovens, a verdade é que são já mais de 5 milhões de trabalhadores que têm no “minijob” a sua principal ocupação e dois milhões para quem esta ocupação representa o seu segundo emprego.
Hotelaria, restauração, serviços de limpeza ou mesmo auxiliares nos cuidados de saúde são os lugares mais comuns para estes trabalhos mal pagos.
“A minha empresa explorava-me. Se pudesse encontrar outro trabalho sairia deste o mais rapidamente possível”, garante Anja, citada pelo El Economista. Com 50 anos, Anja tem trabalhado os últimos seis anos de “minijob” para “minijob”, em trabalhos de limpezas pagos a dois euros à hora.
Não existe salário mínimo na Alemanha, mas o rendimento médio dos trabalhadores dependentes ultrapassa os 40 mil euros/ano, o que torna incomportáveis salários que muitas vezes nem chegam aos 2 euros por hora. 

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