Morre o escritor Millôr Fernandes

Por Valor Econômico



SÃO PAULO - Millôr Fernandes, escritor, jornalista, cartunista, tradutor, dramaturgo e autoproclamado campeão de frescobol e guru do Méier, morreu na noite de ontem, aos 88 anos, no Rio. O velório será realizado no Cemitério Memorial do Carmo. De acordo com informações do cemitério, Millôr será cremado. No ano passado, ele havia passado mais de quatro meses internado na Casa de Saúde São José, no Rio.

Seus pais, o engenheiro espanhol Francisco Fernandes e Maria Viola Fernandes, queriam que se chamasse Milton. Mas o nome, escrito à mão, acabou sendo lido e registrado no cartório como Millôr. Ele contava que só percebeu o erro na certidão aos 17 anos, e adotou o novo nome a partir de então. Brincava que a data de nascimento também gerava "desencontros de opinião na família": embora a documentação indicasse maio de 1924, ele teria nascido em agosto de 1923.

Millôr perdeu os pais na infância e foi morar um tio materno. Aos 15 anos, entrou na revista "O Cruzeiro", como contínuo. No ano seguinte, 1939, começou a trabalhar na revista "Cigarra", onde criou o pseudônimo Vão Gôgo, que usaria até 1962. Em 1943, voltou para a "Cruzeiro", participando da mudança editorial que transformaria a revista em uma das publicações mais importantes do Brasil. Lá, criou a seção "Pif Paf", que deu origem a uma revista quinzenal homônima lançada em 1964, e logo depois fechada pelo governo.

Em 1969, ele fundou o "Pasquim" ao lado de Ziraldo e Jaguar, entre outros. A publicação ficou conhecida por sua oposição ao regime militar. Millôr também colaborou com o jornal "Diário Popular", de Lisboa, com o "Jornal do Brasil" e com as revistas "Veja" e "IstoÉ".

Sua carreira também inclui passagens importantes pelo teatro. Millôr traduziu obras de Shakespeare, Molière, Brecht, Pirandello, Gorki e Tchekov, entre outros, e escreveu mais de 20 peças, como "Liberdade, Liberdade", em parceria com Flávio Rangel (1934-1988).

Frasista brilhante, ele atualmente tinha um site e uma conta no Twitter com milhares de seguidores. Um dos últimos posts no microblog, publicado ontem, dizia: "Pode ser que um dia se passe Brasil a limpo. Até agora a quadrilha política fez do Brasil apenas papel higiênico".

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