Estes milionários também já começaram do zero um dia. Não ficaram esperando ter uma bolada de dinheiro na mão para comprar suas primeiras ações. Não esperaram a Bolsa ter picos de alta para entrar. Não começaram cheios de bloqueios, temerosos de perder tudo, porque não investiram dinheiro que iriam precisar dali um mês ou um ano e não mexeram na sua reserva de proteção financeira. Também não compraram ações com dívidas no rotativo do cartão de crédito ou outra pendência financeira qualquer que lhes cobrasse pesados juros.
São fundamentos básicos como esses (veja abaixo), tantas vezes ignorados ou preteridos em troca de métodos duvidosos de ganhos rápidos, que continuam pavimentando a trilha do sucesso na Bolsa para muita gente. O Motley Fool, portal de finanças pessoais e mercado financeiro no ar há 19 anos, relembra e celebra esses fundamentos esta semana, por ocasião do "invest better day", dia 25 de setembro, um dia dedicado a ajudar as pessoas a investirem melhor, estejam elas começando agora ou não. Por aqui, Seu Dinheiroadiciona a experiência do educador financeiro Mauro Calil, que ganhou seu primeiro lote de ações ainda menino, do avô, e investe na Bolsa há mais de 20 anos.
"Você passa mal de ganhar dinheiro, é um absurdo o que as pessoas dão pouco valor ao básico e muito à valorização ou desvalorização de uma ação", comenta Calil. "O que te deixa rico é a união do tempo e da disciplina com reinvestimento dos dividendos que você recebe". O professor da Academia do Dinheiro repete a estratégia com os filhos. "É fórmula mágica, não tem como errar".
Lá fora, a Bolsa é uma das poucas alternativas (às vezes, a única) para se fazer dinheiro fora do mercado de trabalho, visto que os juros reais são baixíssimos e podem até ser negativos. No Brasil, onde há mais de um ano vivemos sob a redução dos juros básicos da economia, a taxa Selic, os juros reais estão muito próximos da casa dos 2% ao ano. Ainda dá para tirar proveito de produtos de renda fixa como Tesouro Direto e LCI (Letras de Crédito Imobiliário). Mas ter um bom portfólio de ações será, cada vez mais, um componente essencial da carteira de investimentos de quem quer multiplicar o seu dinheiro para valer.
E é totalmente possível ganhar muito sem se arriscar demais. "O risco tende a zero com o passar do tempo", garante Calil. "Se você vê esse investimento em Bolsa como parte do seu plano financeiro pessoal, o risco pode ser zero, sim. Se você toma muita cerveja ou compra muitos sapatos, você tira uns e vai para a Bolsa. Você troca algo em excesso por um investimento. E se a Bolsa quebrar, você não perdeu nada, porque aquele dinheiro já estava perdido", argumenta o educador financeiro.
"A CPFL, por exemplo, já deu quase 100% de dividendos frente ao que foi investido na privatização. A empresa pode quebrar que quem comprou suas ações não teria prejuízo algum. Se você investiu R$ 10 mil ao longo do tempo, já recebeu em dividendos quase isso. Há muitos outros casos de empresas que já pagaram o que o investidor gastou para comprar suas ações só com os dividendos", ressalta Calil.
"A questão do risco é um misto entre comportamento e a metodologia de escolha de ações", acrescenta. O método que Calil ensina na Academia do Dinheiro tem cinco premissas. A primeira coincide com o fundamento #1 do Motley Fool e diz respeito a quanto investir e como. O educador financeiro concorda que não é a quantia que vai fazer a diferença no sucesso ou no fracasso de alguém na Bolsa. Ele recomenda investimentos regulares e constantes, de pouco em pouco, não com muito dinheiro de uma só tacada, porque o "devagar e sempre, em pequenas quantias" também diminui os riscos.
Em segundo lugar, Calil recomenda reinvestir tudo o que ganhar. "Não conte com esse dinheiro como um aumento de salário", ressalta. E quais ações comprar? "Escolha empresas que crescem e puxam o crescimento de um setor", indica Calil. "Se o PIB cresce 4% ao ano e o DI dá 7,5% ao ano, então você tem que pegar uma empresa que cresce 15%", orienta o educador financeiro.
A quarta dica é diversificar. As small caps, por exemplo, podem compor uma pequena parte do portfólio de ações, desde que ele tenha solidez e liquidez com empresas de crescimento e boas pagadoras de dividendos. E há também outros produtos negociados na Bolsa que podem complementar a parte da carteira dedicada à renda variável, como ETFs (fundos de índices) e fundos imobiliários.
Por fim, Calil recomenda que quem investe em ações não compre e esqueça, mas também não precisa ficar ligado no Ibovespa 24 horas por dia. A dica para "ficar de olho" também vale para a carteira de investimentos como um todo, que deve ser revista e eventualmente rebalanceada de tempos em tempos, uma ou duas vezes ao ano.
"Mantenha-se atualizado e atuante. O brasileiro precisa quebrar o hábito de despejar dinheiro em um lugar e não olhar mais", comenta. "Há cinco anos, não se falava em fundos imobiliários, e olha o que está acontecendo", assinala Calil, lembrando a máxima de Buffett sobre investimentos que estão na moda, um forte indicador de que já não são tão bons assim -- melhor para quem se antecipou.
"Não adianta ter informação e não fazer nada, tem que agir", ressalta Calil. "O desempenho acima da média na Bolsa se dá por esses cinco fatores. Se você falhar em um deles, seu desempenho vai ficar comprometido".
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