'FOLHA': O TANQUINHO DE AREIA DO TUCANATO

O jornal da familia  Frias que já teve Claudio Abramo e Perseu Abramo na direção, e que abriu espaço a intelectuais progressistas em plena ditadura, tornando a página 3 do diário uma tribuna de dignidade e arrojo histórico, hoje está entregue a adeptos do jornalismo de 'pegadinha', uma derivação intelectual dos programas de auditório em que clowns 'animam' claques adestradas na semi-informação e na semi-cultura.  

A manchete garrafal desta 4ª feira distorce uma representação legítima do PT contra o programa eleitoral de José Serra, que manipula o deliberadamente desfrutável julgamento do STF  para criminalizar o partido e seu candidato em São Paulo, tentando degradá-lo diante da opinião pública. Pinçando palavras da representação levada à Justiça Eleitoral, criou-se a manchete da conveniência tucana: 'Haddad diz que é degradante associá-lo a Dirceu'. 

O malabarismo, quase uma extensão da propaganda de Serra, ocupa duas linhas de quatro colunas no alto da 1ª página do jornal. O esforço, sôfrego, para resgatar o candidato de sua preferência da esférica rejeição que o soterra mereceria um pouco mais de respeito ao eleitor de uma democracia arduamente conquistada, que teve na Folha um engajamento de desassombro contra a manipulação do discernimento social pela censura. 

 A infantilização do jornalismo praticado hoje renega esse passado e  desidrata um patrimônio que não pertence apenas aos donos da empresa, mas à abrangência ecumênica de seu universo de leitores, assim desrespeitado. A exemplo de 'Veja', a 'Folha'  tornou-se um 'case acadêmico' de perda de densidade republicana da chamada grande imprensa em nosso tempo. Deixou de ser referência para ser referido: um caso de ruína deliberada da credibilidade. 

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