DEM e PSDB querem entregar Pré-sal às gigantes do Petróleo (estrangeiras). Ou seja, querem privatizar o Pré-sal

Post do Rodrigo Vianna

Oposição "clona" emendas contra pré-sal de Lula


Os repórteres Ranier Bragon, Fernanda Odilla e Valdo Cruz - da "Folha"- fizeram a parte deles. Mostraram, de forma irretocável, como três deputados da oposição apresentaram emendas - com redação idêntica - ao projeto do pré-sal apresentado por Lula.
Mais que isso: as emendas atendem aos interesses das empresas petrolíferas que se opõem à Petrobrás.
Ou seja: é batom na cueca.
Nos anos 60/70, era comum chamar de "entreguistas" os políticos que se opunham aos interesses nacionais. Nos anos 80/90 (especialmente durante o governo tucano de FHC) ficou "fora de moda" chamar alguém de entreguista, como ficou fora de moda se definir como nacionalista.
Pois bem: que nome dar ao que fizeram esses três deputados? São entreguuistas ou não?  Em tempo: dois deles são filiados ao DEM, e um ao PSDB.
DEM e PSDB, como se sabe, formam a neo-UDN.
A velha UDN (comandada por Carlos Lacerda, "O Corvo")  tinha como uma de suas características denunciar "escândalos" - como fazem hoje em dia PSDB e DEM. Assim, desviam atenção do que interessa, e além disso sobra mais tempo pra fazer bons negócios.
A reportagem deixa claro porque a oposição (com apoio de vários colunistas da chamada "grande imprensa") fez campanha tão barulhenta contra a "urgência" que Lula pedia na aprovação do pré-sal. Sem a "urgência", sobra mais tempo pra negociar os interesses das empresas petrolíferas.
Mas eu abri esse texto falando dos repórteres da "Folha". Fizeram o trabalho deles. O que chama a atenção é o seguinte: o jornal não destacou o caso como manchete principal na capa.
Claro, a "Folha" também é UDN. Preferiu destacar, pela enésima vez, a história dos atos secretos no Senado.
A UDN segue firme em sua marcha para a desmoralização. 2010 terá dois partidos em disputa: UDN x trabalhistas. Como nos velhos tempos.
Só que os entreguistas hoje em dia perderam a vergonha. Ficaram mais descarados. Os anos de tucanato fizeram mal a eles. Nem sabem mais dissimular.
Vejam o texto da "Folha" sobre as emendas feitas "sob encomenda"...

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Oposição "clona" emenda de petrolíferas
Três deputados apresentam propostas idênticas contra monopólio da Petrobras na extração de poços novos no pré-sal

Teor das propostas coincide com posição de grandes petrolíferas; deputados admitem que seguiram orientação do setor

RANIER BRAGON
FERNANDA ODILLA
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Três deputados federais de oposição apresentaram separadamente emendas aos projetos do pré-sal que, além de coincidirem com os interesses das grandes empresas do setor petrolífero, têm redação idêntica.

José Carlos Aleluia (DEM-BA), Eduardo Gomes (PSDB-TO) e Eduardo Sciarra (DEM-PR) sugeriram em suas emendas diversas modificações às propostas do governo, entre elas uma das bandeiras das gigantes do petróleo: a de que a Petrobras não seja a operadora exclusiva dos campos.

"A previsão legal de um monopólio ou reserva de mercado para a Petrobras não se justifica em hipótese alguma", diz trecho nas emendas dos três.

O IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo), que reúne as principais empresas do setor, confirmou que procurou em Brasília lideranças de oito partidos, entre quarta e ontem, mas negou a autoria das emendas "clonadas", embora o teor coincida com o que o setor defende.

"Trabalhamos durante todos esses dias. Começamos a nos movimentar no Congresso, e de maneira institucional, porque o IBP é apartidário. Queremos tornar públicas nossas emendas para todos os partidos. Tinham partidos dispostos a acatá-las integralmente, outros estavam analisando", disse o presidente do IBP, João Carlos França de Luca, da espanhola Repsol, uma das multinacionais do petróleo.

Termina hoje o prazo para apresentação de emendas. Até ontem, 738 emendas já haviam sido apresentadas.

Eduardo Gomes admitiu que a emenda foi entregue a ele pelo setor. "Tenho contato com todas as associações, todas, o IBP, Sindicom [distribuidoras de combustível e lubrificantes], não tenho nenhum constrangimento em relação a esse tipo de auxílio", afirmou, acrescentando que os textos idênticos podem ter sido fruto de um "assessor preguiçoso". "Não tenho doação de campanha dessas empresas.
Sempre tive doação no setor elétrico, voltado à área de regulação, de fortalecimento das agências reguladoras, defendendo investimento em parceria com o mercado. As emendas estão coerentes com a minha atuação".

Sciarra também diz que acatou as sugestões dos consultores do setor petrolífero. "Eu e o Aleluia fizemos o debate e pedimos para a assessoria do DEM formular as propostas. No caso do Eduardo Gomes, não sei o que aconteceu."

Aleluia afirmou que redigiu suas emendas com auxílio da assessoria do DEM e de consultores externos. "Não conversei com empresas, contei com a ajuda de consultores independentes", afirmou ele.
Segundo a Folha apurou, as emendas clonadas eram parte de versões preliminares preparadas por petrolíferas e repassadas aos deputados por consultores e representantes de empresas. As emendas entregues oficialmente aos parlamentares pelo IBP têm redação diferente, mas teor idêntico nas propostas de mudanças.

Além dos três deputados, outras emendas que coincidem com os interesses das grandes empresas foram apresentadas por outros parlamentares, como Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM, e Arnaldo Jardim (PPS-SP), que presidirá uma das comissões dos projetos de um novo marco regulatório para o setor petrolífero enviados pelo governo ao Congresso.

Caiado disse que todas as suas emendas foram redigidas por sua assessoria, embora tenha dito que debateu o assunto com os setores afins. Jardim afirmou não ter tido tempo de analisar as emendas do IBP e que seguiu suas convicções.

"Acho legítimo que qualquer pessoa interessada nos procure para sugerir melhorias", disse Caiado. Ele apresentou emenda para permitir que a Petrobras ceda a operação de alguns campos para outras empresas petrolíferas, ideia que agrada também à própria estatal.

Além do fim do monopólio da Petrobras na operação dos novos campos, o setor privado defende, entre outros pontos, a redução do poder da Petro-Sal (a estatal que gerenciaria o novo modelo) nos comitês de exploração e o fim da exigência de que a Petrobras tenha no mínimo 30% de participação em todos os novos campos.

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