Otan deixa africanos à morte no mar

Tijolaço



A tragédia era anunciada. Não se sabia, apenas, se os refugiados africanos  que cruzam o  Mediterrâneo em barcos precários, fugindo dos bombardeios da OTAN e dos conflitos internos na Líbia iriam morrer às dezenas num naufrágio ou num incêndio a bordo…

A tragédia aconteceu. Não uma, mas duas delas.

A primeira, quando um barco com 72 homens,  mulheres e  crianças sofreu uma avaria no fim de março após deixar Trípoli, na Líbia, com destino a ilha italiana de Lampedusa. 61 deles morreram de fome e de sede, depois de 15 dias à deriva no mar.

A segunda tragédia, revelada hoje pelo jornal inglês The Guardian: eles foram vistos, mas não socorridos, pelas tropas da OTAN. Foram deixados para morrer.

O jornal ouviu os sobreviventes e fez suas próprias investigações.

Da primeira vez que os refugiados foram vistos, um helicótero militar lançou-lhes algumas garrafas d´água e biscoitos. Os dois pilotos, fardados, gesticularam que a ajuda viria. A água foi separada para os dois bebês, que morreram  depois, porém.

Depois, um porta-aviões, que o The Guardian identifica como o francês Charles De Gaulle chegou tão perto deles que, segundo os sobreviventes, seria impossível não vê-los.  Dois aviões decolaram dele e  passaram, bem baixo, sobre o barco.

Os passageiros e a tripulação em desespero não eram líbios, mas eritreus, sudaneses, etíopes e ganenses que estavam naquele país. São negros.

A  Itáliatem reclamado que está recebendo sozinha os refugiados norte-africanos.A França já fechou e abriu fronteiras para os trens que vêm do território italiano com migrantes. Outros países europeus pedem a revisão do Tratado de Schengen, que estabelece a livre circulação de pessoas e mercadorias na Europa. Lógico que a revisão não é sobre as mercadorias.

A Europa, como se sabe, está lançando bombas e mísseis sobre a Líbia para “proteger” a população civil.
Vê-se bem como se importam com ela.

PS: Mais sobre este tema em “Pobres ao mar, Madame le Pen”

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