O último suspiro de Serra 2

Post do Blog do Nassif

No dia 19 de julho escrevi o posto “O Último Suspiro de Serra”. Nele, analisava o comportamento da mídia e do Senado - o tema do momento era José Sarney - para tentar desvendar a lógica por trás da campanha cerrada.

A candidatura Serra vivia momentos críticos. A próxima pesquisa negativa, informando sobre queda das intenções de voto para ele e aumento das intenções de voto para Dilma ou Aécio, liquidaria com sua candidatura e provocaria um êxodo da oposição para a candidatura de Aécio Neves.

A campanha midiática visava dar uma sobrevida à candidatura.

De lá para cá, ocorreram os seguintes fatos:

1. A campanha midiática aumentou substancialmente, agora em cima da reunião sem data nem hora da ex-Secretária da Receita. E batendo direto em Dilma, tendo pespegar-lhe a imagem de mentirosa.

2. Pesquisa do Datafolha indicando manutenção das intenções de voto em Serra e estacionamento de Dilma nos mesmos 16% da pesquisa anterior.

3. Pesquisa do Antonio Lavareda (divulgada pela Folha), de que Marina Silva já tinha mais de 20% dos votos. Informações davam conta de que a pesquisa tinha sido feita trinta dias antes. Como fica essa falsificação?

Aí surge o dado fora do plano, a pesquisa Vox Populi indicando exatamente o contrário: queda de Serra (de 36% para 30%) e Dilma subindo de 16% para 21%. É muita diferença.

Quem manipulou?

A versão do PSDB é que a pesquisa Vox Populi foi feita cinco dias antes do Datafolha e não teria captado o desgaste do episódio Lina. Mesmo sem ser especialista, nosso comentarista Marco Antonio demole essa versão no post baixo.

Vamos juntar os seguintes dados, para avaliar a credibilidade de pesquisas:

1. A Folha manipulou dados sobre a ficha de Dilma Rousseff no DOPS. Manteve a manipulação mesmo depois de desmascarada.

2. Com base na última pesquisa do Datafolha, o jornal fez um editorial sugerindo a Ciro Gomes que se candidate à presidência da República, não ao governo de São Paulo - endossando amplamente a estratégia de Serra. Endossou no caso Marina, endossou em relação ao Ciro.

3. A capa do jornal de hoje é uma manipulação ampla - e em cima de um episódio (o depoimento de Lina Vieira no Senado) assistido por bastante gente. Ou seja, também praticou um estupro jornalístico à luz do dia. E ainda coloca o Fernando Rodrigues (!) para martelar a ideia de que Dilma Rousseff é mentirosa - ponto central do processo de desconstrução de sua imagem, trabalhado pela imprensa.

4. Não divulgou uma linha sobre a pesquisa Vox Populi - assim como todos os demais jornalões.

5. Pergunto: se a Folha passou a manipular seu principal ativo (a credibilidade jornalística), qual a probabilidade de que o Datafolha tenha sido contaminado por esse clima?

Nos anos 80 o Datafolha foi uma luz no ambiente de manipulação de pesquisas que se seguiu ao caso Proconsult. Aquecia o coração de cada democrata, que via no Instituto uma poderosa arma de democratização da informação.

A próxima pesquisa é do IBOPE. No ano passado, o Carlos Montenegro - presidente do IBOPE - já antecipava que Dilma não tinha nenhuma condição de vencer as eleições. A pesquisa será feita de forma correta?
Por Bruno

Nassif,

Estou mandando algumas informações estatísticas (meu pai tem um instituto de pesquisa e vejo isso há mais de 2 décadas) para que se evite cometer acusações equivocadas. As pessoas têm tido que a manipulação é evidente porque a pesquisa com 4 mil entrevistado, entrevistou 2000 somente em São Paulo. Além do fato obvio que a Folha não iria manipular e deixar o rastro tão fácil de ser descoberto.

(…) Estatisticamente, o fato de dois institutos de pesquisas errarem de forma oposta (o Datafolha ter dado 2 pontos percentuais pro Serra e o Vos 2 a menos) é de 1 em 750. Errar a mesma coisa pra Dilma é de 750. Se esses eventos fossem independentes (e, obviamente não são) era de 1 em 500 mil. Não sendo independentes esse número é bem menor, mas me desculpem não sei calcular isso. Agora, como a diferença entre os institutos foi significativamente maior do que 2 pontos, sem dúvida a possibilidade de não ter tido fraude (ou erro amostral) ou mudança significativa no quadro eleitoral é superior a 1 em 1 milhão.

É bem provável que tenha havido uma manipulação. Eu não tomo partido de nenhum dos dois institutos.

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