Datafraude

por Eduardo Guimarães, no Cidadania.com

Declaro publicamente que tenho fortes motivos para acreditar que a pesquisa Datafolha divulgada neste domingo é uma completa fraude.

Antes de falar da pesquisa, porém, quero lembrar que seu resultado não deveria surpreender ninguém. Afinal, no dia 24 de julho (portanto, há mais de três semanas, quando nem os boatos sobre ela haviam começado) antecipei aqui neste blog o que o jornal paulista viria a fazer.

Eu disse, naquela oportunidade, que fonte que tenho no jornal Folha de São Paulo me informara de que Globo, Folha, Estadão, Veja, Serra e FHC estavam mantendo entendimentos (inclusive com outros institutos de pesquisa além do Datafolha) para fabricar pesquisas que sugerissem que o apoio de Lula e de Dilma a Sarney lhes provocara perda de popularidade.

A pesquisa Datafolha publicada neste domingo, além de falsear números, omite e distorce informações que ela mesma contém.

Em primeiro lugar, o Datafolha fabricou, dentro da “margem de erro”, uma queda de popularidade de Lula. Notem como a “análise” do diretor do Datafolha sobre a popularidade presidencial procura tirar o foco dessa “queda”. Ele diz que não houve queda, mas houve – estatisticamente.

Lula caiu de 69% para 67% numa pesquisa com margem de erro de 2%. A idéia é mostrar que a “queda” ocorreu para reforçar a teoria anti-Sarney que embasa a sondagem manipulada. Porém, resguardando-se contra possíveis diferenças em outras pesquisas, a análise do diretor do Datafolha sobre o fato busca minimizá-lo.

Ora, se o bombardeio sobre o mensalão, que durou quase dois anos, não fez Lula perder popularidade, Sarney faria?

Antes de prosseguir, quero lembrar que a falsificação de pesquisas não é novidade no Brasil. Houve outro momento em que a mídia e a oposição não queriam se conformar com a popularidade de Lula e partiram para a fraude estatística.

Foi no final de 2005. Pesquisas Datafolha e Ibope mostraram, no fim de novembro e começo de dezembro, queda pronunciada da aprovação de Lula. Em janeiro, cerca de um mês depois, sai uma pesquisa CNT-Sensus mostrando disparada da aprovação de Lula num período de festas em que nada aconteceu que justificasse tal disparada.

Agora o caso de Dilma. Além da manipulação de enfoque sobre os números, na forma de o jornal dizer na primeira página que “a pré-candidata petista, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), deixou de subir” sem dizer que Serra continua caindo, ainda que dentro da margem de erro, há uma omissão flagrante.

Por que a Folha não fez simulações sobre o segundo turno? A causa dessa omissão fica clara quando, no principal cenário da pesquisa, somam-se os votos de Ciro, Dilma e Heloisa Helena, que chegam a 43% contra 37% de Serra.

Claro que o tucano se beneficiaria de parte dos votos de Ciro e de Heloísa Helena num segundo turno entre ele e Dilma, mas, como ocorreu em 2006, sabe-se que o eleitorado da psolista e do ex-ministro, inimigo figadal de Serra, cairiam muito mais no colo de Dilma, o que explica a falta desse cenário na pesquisa.

Ah, sim, há também o fato de que a íntegra da pesquisa Datafolha ainda não foi publicada no site do instituto. Outro fato estranho e que não costuma ocorrer.

Outro fato crucial a notar: conforme anunciei há quase um mês, segundo meu informante na Folha de São Paulo estava sendo feito um acordo com o Ibope e com o instituto Sensus. Daí, para a pesquisa Datafolha sair como saiu, conclui-se que esse acordo deve ter sido fechado.

Resta o Vox Populi. Sondagens recentes do instituto demonstram dados surpreendentes sobre a candidatura Dilma, como ela ter ultrapassado Serra em vários Estados importantes, como Rio Grande do Sul e Bahia.

Independentemente das pesquisas, porém, o governo Lula e o PT parecem não ter se dado conta ainda do jogo que está em andamento. A grande operação infla Serra que vem ocorrendo parece não estar sendo notada.

A campanha publicitária avassaladora da lei de Serra sobre o cigarro, as manifestações claramente orquestradas pela derrubada de Sarney que levaram “estudantes” a se manifestarem contra ele em várias partes do país, mais um factóide surgido do nada contra Dilma...

Lula e o PT estão dormindo. E, desse jeito, logo os golpistas não terão mais que fajutar pesquisas.

Fico estupefato ao constatar a lentidão de Lula nessa questão das pesquisas. Uma sondagem nacional de algum outro instituto deveria ter sido publicada antes da pesquisa Datafolha, de forma a inibir a fraude, pois esta terá efeitos publicitários.

Mas pior mesmo é a inexplicável recusa de Lula e do PT de denunciarem publicamente a aliança entre Serra, Frias, Civita, Marinho e Mesquita.

Se o presidente e seu partido tivessem juízo, já teriam vindo a público dizer à sociedade para reparar como a mídia não cobre o governo Serra, como não denuncia nenhum dos escândalos que aguardam investigação contra ele na Assembléia Legislativa paulista e que o Serra candidato não aparece numa imprensa que não pára de bater em Dilma.

Se Lula, seu governo e seu partido, bem como seus aliados, carimbarem nos veículos específicos que eles atuam a mando de Serra, a cada golpe que praticarem esse golpe será recebido com desconfiança pelo público.

Sob acusações de favorecimento a Serra, as pessoas começariam a notar a invisibilidade dele na mídia, perceberiam que ele só aparece vinculado a notícias positivas como a da campanha sobre o cigarro. Mas Lula, seu governo, seu partido e aliados estão petrificados de medo.

Claro que ainda é prematuro, a 14 meses da eleição, dizer que a campanha serrista está indo tão bem assim. Ele está caindo sem parar. Sua queda certamente não foi apenas de um ponto percentual. Certamente foi manipulada dentro da margem de erro.

Todavia, se levarmos em conta que nem estamos ainda em ano eleitoral, dá para se ter uma idéia do que vem por aí e de quanto a covardia de Lula, de seu governo, de seu partido e de seus aliados poderá custar ao país.

Para ler o que o Eduardo Guimarães considera será o próximo passo da fraude, clique aqui

Comentários

Mais Lidas

O que a mídia de celebridades faz com Anitta deveria ser crime

Guru de Marina disse que é preciso aumentar a carne e o leite

A parcialidade é o menor dos problemas da mídia golpista. Por Léo Mendes