Fauna da ‘Serrolândia’

No Sudeste sul-americano há um pretenso “país” de fantasia que, na verdade, não passa de uma província brasileira, ainda que seja a mais abastada. A população autóctone, porém, dócil ao desígnios da aristocracia dirigente, vive com a sanidade mental ameaçada por uma “fauna” midiática na qual daremos uma espiada.

Para que se possa entender o que se passa nessa terra em transe, há uma piada local dos paulistas que diz que em São Paulo traficantes usam a droga que vendem, prostitutas chegam ao orgasmo com seus clientes e pobres votam nos candidatos dos ricos.

Por isso, porque gostei tanto de escrever um primeiro texto sobre a fauna da “Serrolândia” é que decidi catalogar algumas das barbaridades que esses espécimes da cadeia alimentar paulista praticam contra a lógica e contra a paciência das pessoas.

Vamos, assim, a outro exemplar dessa intrigante fauna serrolandense o qual também é blogueiro, só que não da Veja, mas de outro veículo oligopolista da comunicação de massas, do maior deles, da Globo.

Hoje, por exemplo, Ricardo Noblat escreve seu putilionézimo post atacando o filme sobre a vida de Lula. Ele quer desmoralizar a obra, mas não sabe como. Então vai dizer alguma coisa e não diz, achando que deixa insinuações no ar.

Basta tentar formular tais insinuações, porém, e elas perdem o sentido. Quem quiser, repita para si mesmo a premissa sobre cada insinuação e veja se tal premissa faz sentido. Farei minha parte a seguir, mas quero sugerir que cada um tente sozinho.

Abaixo, pois, uma tentativa do blogueiro da Globo de atacar a biografia do presidente Lula, só que da forma mais difícil, ou seja, sem argumentos, apelando para a subjetividade contra um dos mais importantes líderes políticos do mundo.

E, claro, continuo comentando depois do drama retórico que vocês lerão a seguir.

Lula, o filho perfeito do Brasil
Por Ricardo Noblat

Um Lula sem nenhum defeito é o que emerge do filho "Lula, O Filho do Brasil", a mais cara produção do cinema nacional, que abriu ontem à noite o Festival de Cinema de Brasília.
O Lula da tela tirou nove em português quando era menino, morador de uma área miserável da periferia de São Paulo. Ainda menino, evitou que o pai batesse na mãe ao adverti-lo: "Homem não bate em mulher".
Líder sindical, quase não agrediu o português ao discursar para a peãozada do ABC paulista. Foi um fumante compulsivo, mas em compensação bebeu pouco.

Testemunhou à distância a chacina de um pequeno empresário praticada por companheiros dele do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Ficou chocado com ela e reclamou.

Foi um namorador moderado. Uma vez viúvo, cortejou e se casou com dona Marisa.

Como líder político não foi de direita nem de esquerda. Preocupou-se apenas em melhorar a vida dos seus companheiros.

O filme acaba quando ele sai da prisão para ir ao enterro da mãe. Dali, salta para a festa da posse de Lula na presidência da República.

O PT se perdeu no meio do salto. Nem foi referido antes porque não existia nem depois porque não era o caso.

Quem sabe não fará uma ponta no filme "Lula, o Filho do Brasil - Parte 2"?

A história é contada de forma linear e sem dar margem a diferentes interpretações.

Só cabe uma: Lula enfrentou e venceu, orientado pela mãe, todos os desafios que a vida oferece a um brasileiro nascido na miséria.

Admirável, pois, sua saga.

Em resumo: o filme foi feito sob medida para reforçar o mito Lula. Atinge seu objetivo com louvor.

É razoável imaginar que com isso ajudará de alguma forma a candidatura de Dima Rousseff à presidência da República. Ajudaria qualquer candidatura apoiada por Lula.


Darei um exemplo do que propus que fizessem – formular claramente as insinuações do texto que acabam de ler.

Diz Noblat: “A história [da vida de Lula] é contada de forma linear e sem dar margem a diferentes interpretações”. Ora, mas que margem de interpretação o homem quer sobre uma história de um garoto pobre que acaba se tornando um dos maiores líderes políticos do mundo? Isso não aconteceu? Há dúvidas?

Críticas que não passam de insinuações ou que não resistem à contestação do criticado é tudo que essa gente tem contra Lula depois de sete anos de seu governo. Essa fauna parajornalística não sobreviverá dez minutos fora da “Serrolândia”, no ano que vem. Podem escrever aí.

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