A mentira por um fio (Cristo e o cristianismo)


Por Ivani Medina no Mundo da Anja


Numa das chamadas veiculadas pela NatGeo (05/04/2012), a concessionária convidou o público para assistir um programa  no qual os evangelhos serão examinados linha por linha na busca de evidencias históricas e arqueológicas sobre a existência de Jesus. Tivessem os evangelhos como esclarecer algo a esse respeito, o assunto estaria encerrado há muito tempo. Mas, Jesus vende bem e faturamento é alto.

“Jesus de Nazaré constitui personagem histórico da maior importância, a começar pelo calendário, hoje universal, baseado na era cristã. [...] O Cristo da fé dominou, por muitos séculos, as reflexões sobre este homem de singular significação. As paixões das discussões teológicas foram muitas, mas o homem Jesus foi tocado pelos estudiosos apenas nos últimos dois séculos.” (CHEVITARESE; CORNELLI, 2009, p.7 – Funari, apresentação),

Ah é? Como Jesus foi “tocado”? A despeito de todos os nomes relevantes da historiografia brasileira constantes na obra A descoberta do Jesus histórico, mais o conceituado John Dominic Crossan, se as páginas deste livro estivessem em branco para história ia dar no mesmo. Tudo isso é propaganda da agonizante ideologia cristã. Jesus só é tido como personagem histórico por causa da decisão de trazê-lo do tempo mítico para o tempo histórico, nos primórdios do cristianismo. A cultura dominante fez dos historiadores e da história reféns da filosofia religiosa cristã. É esta filosofia que alguns continuam tentando preservar a todo custo com o sacrifício da história e a indignação dos que a apreciam como uma disciplina que merece mais respeito.

Não existe documentação confiável que garanta a existência do Jesus histórico. Desde sempre isto está consignado à fé, e é muito natural que aqueles que não participem dessa fé não aceitem a versão religiosa cristã como evidencia histórica e insistam na comprovação documental, pois a evidencia de fraudes há muito manchou a história do cristianismo.

Até alguns teólogos protestantes e evangélicos estão afirmando que ateus também aceitam a existência do Jesus histórico em vista das evidencias encontradas. Alucinação ou propaganda enganosa? Ambas, certamente. Prosseguem afirmando que se Jesus não teve existência histórica, nenhum outro personagem teve também, quando na utilização do mesmo método comparativo. Ora bolas, as pegadinhas desses teólogos têm mais serventia no uso doméstico. Desconheço ateus de aluguel, quem não acredita em Deus, não há de acreditar numa história tão absurda como a de Jesus de Nazaré. Além do Novo Testamento, os cristãos se apoiam na afirmação da historicidade de Jesus, em Flávio Josefo (37-100); Plínio o Moço (61-114); Suetônio (69-112) e Tácito (56-120) como se fossem “evidências seculares” da existência desse personagem “histórico”.

Comecemos por Josefo: Flávio Josefo foi o nome que Iossef ben Matitiahu ha-Cohen assumiu depois de tornar-se um protegido do imperador Vespasiano (69-79). Josefo era natural de Jerusalém, de família sacerdotal e de boa educação. Aos 13 anos tomou conhecimento das diversas formas religiosas que gravitavam a religião judaica e optou pelo farisaísmo aos 19.  


“Quando fiz treze anos desejei aprender as diversas opiniões dos fariseus, dos saduceus e dos essênios, três seitas que existem entre nós, a fim de, conhecendo-as, eu pudesse adotar a que melhor me parecesse. Assim, estudei-as todas e experimentei-as com muitas dificuldades e muita austeridade”. (JosefoHistória dos Hebreus, p. 476.)

Josefo esteve em Roma, em 64, com 26 anos de idade, no empenho da missão de tentar libertar sacerdotes judeus presos por Nero. Ficou impressionadíssimo com o poder e a grandeza de Roma e convencido de que os romanos eram invencíveis. Entretanto, contradizendo a própria conclusão, acabou se envolvendo com os revoltosos depois da aparente vitória deles, em 66. Algo estranho e inexplicável porque os revoltosos não eram judeus e sim galileus. Pelo que se sabe, galileus e fariseus se odiavam. Parece o problema das autobiografias e das contingencias políticas de todos os tempos, sei lá.

Para encurtar a história, aprisionado pouco antes do final da guerra, em 67, Josefo acabou por tornar-se um abrigado do, então, general Vespasiano, como já foi dito. Iossef foi ocupar um apartamento no palácio de Vespasiano, adotou o nome de família do seu protetor, Flávio, e passou a ser conhecido como Flávio Josefo. Iossef casou-se de segundas núpcias com uma romana, recebeu pelos seus favores terras desapropriadas na Judéia. Rico, no ócio produtivo que o contemplava, escreveu a sua obra como historiador dos judeus: A guerra judaica (publicada entre 75 e 79), A Antigüidade judaica (publicada em 94), Autobiografia (publicada como um apêndice à segunda ou terceira edição de Antiguidades Judaicas, cerca de 100) Contra Apion (publicada em 97). Suas obras servem de base ao estudo desses episódios da Antiguidade. Josefo morreu em Roma por volta do ano 100.

As referencias a Jesus de Nazaré é que são questionadas na obra de Flávio Josefo. Especialmente esta:

"Havia neste tempo Jesus, um homem sábio, se é lícito chamá-lo de homem, porque ele foi o autor de coisas admiráveis, um professor tal que fazia os homens receberem a verdade com prazer. Ele fez seguidores tanto entre os judeus como entre os gentios. Ele era o Cristo. E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos principais entre nós, condenou-o à cruz, os que o amaram no princípio não o esqueceram; porque ele apareceu a eles vivo novamente no terceiro dia; como os divinos profetas tinham previsto estas e milhares de outras coisas maravilhosas a respeito dele. E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não está extinta até hoje."

Por quê?

Por que nem Justino, Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Cipriano etc, em suas defesas do cristianismo, nem Origines, em Contra Celso (cerca de 248), citaram essa baboseira interpolada. Portanto, ninguém antes de Eusébio de Cesaréia, no século IV, quando os escritos de Josefo aparecem surgidos de fontes cristãs, se referiu a Flávio Josefo como testemunha de Jesus de Nazaré. O mesmo serve para Tiago, o irmão de Jesus. Lembremos de que apesar de Antiguidades judaicas ter sido publicada em 94, os livros eram copiados a mão e as tiragens reduzidas. O hábito era a leitura em voz alta para uma plateia de interessados. Portanto, o sumiço das cópias do original, ainda que tenha havido três edições, não seria um grande problema para aqueles estavam no domínio da situação, quando bibliotecas inteiras foram queimadas com essa intenção.

“Pode haver verdade nessas estranhas linhas; mas tão alto louvor dado a Cristo por um autor sempre atento em agradar aos romanos e aos judeus – dois povos em guerra contra o cristianismo naquele tempo – torna a passagem suspeita; os eruditos cristãos repelem-na como evidente enxerto.” (César e Cristo, 1971, p. 434).

“dois povos em guerra contra o cristianismo naquele tempo” dá ao cristianismo uma importância que ele não tinha no início e sequer existia no século I. Durant, como um bom cristão, também carregava o fardo de defender, da maneira que lhe fosse possível, as invenções cristãs. Confundido ao “histórico” Jesus de Nazaré, a defesa do mitológico Jesus Cristo tornou-se impossível de ser tomada com lisura. O que imagino que deve ter pesado na consciência de alguns poucos dos renomados historiadores ocidentais, como acontece a alguns padres na maturidade.

Questões inaceitáveis se impõem à tentativa de se relacionar Jesus de Nazaré, cristianismo e Flávio Josefo. Primeiro como poderia este historiador judeu, nascido e criado em Jerusalém nunca ter ouvido falar na lenda de Jesus de Nazaré e na alegada seita judeu-cristã? Em momento algum nas suas narrativas, especialmente quando ele fala dos notáveis da Palestina, dedica uma única linha sequer a esse personagem alegadamente histórico, que teria causado grande rumor na história do judaísmo e na ocupação romana na Palestina, como os evangelhos pretendem fazer crer. Como pode ser isso?

Se Paulo foi morto em Roma entre 64 e 67, quando Josefo esteve naquela cidade em 64 (não sei em que mês), o incêndio ocorreu em 18 de julho daquele mesmo ano, e teria desencadeado a perseguição e martírio de cristãos, incluindo o martírio de Pedro em outras circunstancias, Josefo teria tomado conhecimento da presença dos dois apóstolos.
Supondo que Josefo lá tivesse chegado antes do mês do incêndio, por intermédio dos burburinhos na colônia judaica a respeito das atividades de Paulo e Pedro, Josefo deveria ter sido informado – a sua missão fazia dele uma personalidade do mundo judeu - e, naturalmente, ele teria comentado.
Outra: tivesse acontecido o propalado martírio de Pedro e Paulo, em Roma, de alguma maneira Josefo também teria sabido, porque especialmente nas comunidades as notícias voam ignorando distancias. Claro que Josefo teria sido informado, pois ele comentou a respeito dos zelotes que encontrou em Roma.


“Lá [em Roma] encontrei alguns espíritos inclinados às mudanças que começavam a lançar as raízes de uma revolta contra os romanos. Procurei dissuadir os sediciosos e lhes fiz ver, entre outras coisas, como tão poderosos inimigos lhes deviam ser temíveis, quer pela sua ciência na guerra, quer pela grande prosperidade e eles não deviam expor temerariamente a tão grande perigo suas mulheres, seus filhos e sua pátria”. (Josefo, História dos Hebreus, p. 477)

Não tinha como ele ignorar as atividades cristãs e as supostas perseguições e bárbaros martírios infringidos por Nero (54-68) aos cristãos naquela cidade, na qual Josefo viveu depois da guerra no seio da bem informada sociedade romana e lá veio a falecer, por volta do ano 100. Isto não diz respeito somente a Josefo não, mas a todos os escritores e historiadores ativos no século I, judeus, gregos ou romanos.

Nada há de mais desonesto, no que se refere à história, do que essas “histórias” do cristianismo, que desde o século IV esteve de posse da documentação oficial do Império Romano. A fraude no texto de Josefo saiu publicada sem a menor cerimônia em História dos Hebreus, pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus, é uma amostra que a desonestidade continua e ninguém reclama porque todos estão de rabo preso na tarefa de salvar o Salvador.

Plínio o Moço, sobrinho-neto de Plínio o Velho (23-79), que escreveu História Natural, publicada em 77. Uma obra enciclopédica sem uma única palavra sobre Jesus, sua obra de evangelização e seus continuadores. Caio Plínio Cecílio Segundo foi jurista, orador e administrador imperial na Bitínia (Ásia Menor) entre 111 e 112. Serviu ao imperador Trajano (98-117) (WIKPEDIA). O que me chamou atenção na parte da correspondência específica entre Plínio e Trajano, quando aquele pede orientação ao imperador, é que está situada no século II e não se refere a Jesus de Nazaré, mas a Cristo e cristãos.
O termo “cristão”, relacionado a Jesus, surge somente no século II. Diz-se que ele teria aparecido em Antioquia, em 44. A referência se encontra em Atos: 11, 26, cuja redação data do século II, depois de 150 (WIKPEDIA). Sabemos que foi a partir deste século que surgiu toda literatura cristã com os escritores cristãos surgidos no mesmo século, evidentemente. Portanto, antes disso, nenhum autor poderia tê-lo usado neste sentido específico.

A única referência a um Evangelho cristão antes do ano 150 é a de Pápias, que lá por 135 fala em um desconhecido “João, o Velho”, a dizer que Marcos havia composto seu Evangelho com base no que Pedro contara. E Pápias acrescenta: Mateus transcreveu em hebraico a Logia.  (DURANT, 1971, p. 435)

Repare na tentativa insistente dos gregos em legitimar como hebraica a origem do cristianismo. Outra coisa interessante é o fato do texto apresentar algo sintomático, sempre presente em declarações atribuídas a não cristãos: “[...] vincularam-se por um juramento solene, não a qualquer maldade, mas a nunca cometer qualquer fraude, roubo ou adultério, nunca falsificar a sua palavra, [...]”. Quanto a não cometer maldade (nessa fase), roubo ou adultério nada eu tenho a comentar, mas quanto ao resto da sentença apresentada, era justamente o que mais faziam. É a propaganda enganosa das supostas das qualidades cristãs pela pena de um suposto pagão.

“Afirmaram, no entanto, que toda a sua culpa, ou o seu erro, foi que tinham o hábito de reunião em um determinado dia fixo antes do amanhecer do dia, quando cantavam em versos alternados um hino a Cristo, como a um deus, e vincularam-se por um juramento solene, não a qualquer maldade, mas a nunca cometer qualquer fraude, roubo ou adultério, nunca falsificar a sua palavra, nem deixar de entregar uma relação de confiança quando necessário; após essa reunião, era o seu costume se separar para então se reunir novamente e dividir os alimentos - mas a comida de um tipo comum e inocente. Mesmo esta prática, no entanto, eles abandonaram após a publicação do meu edital, pelo qual, de acordo com vossas ordens, eu tinha proibido as associações políticas. Julguei tanto mais necessário extrair a verdade real, com a ajuda de tortura de duas escravas que eram diaconisas de estilo, mas eu não consegui descobrir nada mais do que superstição depravada e excessiva.” (atribuída a Plínio o Moço)


O alegado massacre com requintes de crueldade de cristãos, em Roma, por Nero, ignorado por Josefo, Plínio o Velho e todos os escritores pagãos da época, Plínio o Moço parece igualmente ignorar, pois não se refere a ele. Pior, ignorava a existência dos cristãos, e, quando pede orientação ao imperador sobre o que fazer com eles, sugere um problema novo para a administração imperial. Como poderia Trajano ignorar aqueles que Nero havia martirizado de forma tão escandalosa?

Será que isto pode ser apresentado como prova da existência de Jesus de Nazaré, no século I, ou como prova da tolerância pagã para com os desconhecidos cristãos, no início do século II? (HUMPHREYS)
Suetônio. Caio Suetônio Tranquilo, foi escritor e amigo de Plínio o Moço. Escreveu as Vidas dos Doze Cézares. Foi um grande estudioso dos costumes romanos e descreveu os principais personagens da época e um devassador das intimidades das cortes romanas (WIKPEDIA).  Suetônio teria registrado em sua vida de Nero o suposto martírio praticado por ele: As punições também foram infligidas aos cristãos, uma seita professando uma nova crença religiosa e perniciosa [...]“ (16.2) Suetônio não poderia ser dispensado dessa farsa, simplesmente, por ter escrito sobre os imperadores.

A outra atribuição a Suetônio é: "Como os judeus estavam fazendo constantes perturbações na instigação de um certo Cresto, ele os expulsou de Roma."

A história de Jesus de Nazaré não diz que ele esteve em Roma, em 54. Segundo ela, ele já havia morrido na cruz há muito tempo, ressuscitado e tomado o caminho do Céu. Isto prova a sua existência? Não. Nem a existência de cristãos no primeiro século. Aliás, a intenção era essa, mas não deu certo fora do circuito da fé cega, porque, como acabamos de ver, as fraudes anteriormente apresentadas já diziam tudo.
Tácito. Públio Cornélio Tácito foi historiador, orador e político romano. É considerado um dos maiores historiadores da Antiguidade. Suas principais obras foram Anais Histórias. A primeira referia-se a história do Império Romano no século I, desde a morte de Augusto até a morte de Nero (54-68). A segunda da morte de Nero a morte de Domiciano (81-96). Em Anais, encontra-se a seguinte menção (WIKPEDIA):

Por conseguinte, para se livrar da acusação, Nero culpou e infligiu as mais terríveis torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamada pelo populacho de Cristãos. Christus, de quem o nome teve sua origem, sofreu a penalidade extrema durante o reinado de Tibério às mãos de um de nossos procuradores, Pôncio Pilatos, e uma superstição muito perniciosa, portanto, marcada para o momento, mais uma vez surgiu, não só na Judeia, a primeira fonte do mal, mas também em Roma, onde todas as coisas horríveis e vergonhosas de toda parte do mundo encontram o seu centro e se tornam populares. Assim, de primeiro apenas os que confessavam ser culpados foram presos e, em seguida, com base em suas informações, uma imensa multidão foi condenada, não tanto do crime de incendiar a cidade, mas por ódio contra a humanidade. Zombaria de toda espécie foi adicionada às suas mortes. Cobertos com as peles dos animais, eles foram dilacerados por cães e assim pereceram, ou foram pregados em cruzes, ou foram condenados ao fogo e queimados, para servir como uma iluminação noturna quando a luz do dia já tinha expirado. Nero oferecia seus jardins como um espetáculo e exibia um show no circo, enquanto ele se misturava com as pessoas vestido de cocheiro de carruagem, ou ficava apenas em pé, um tanto distante, em uma de suas carruagens. Por conseguinte, até por criminosos que mereciam punição extrema havia um sentimento de compaixão, pois estavam sendo punidos não pelo bem da maioria, mas para alimentar a crueldade de um só homem. (atribuído a Tácito, livro 15, capítulo 44):

O suposto Tácito repete a história de Jesus de Nazaré para avalizá-la e descreve as barbaridades as quais os cristãos (termo que não estava em uso na época, repito) foram submetidos. Nero nem estava em Roma quando o fogo começou. Estava em sua cidade natal, Antium (Anzio). Bem... ,mais uma vez, nenhum dos apologistas cristãos do século II menciona esta bobagem forjada e interpolada.
Esta versão grotesca surgiu a partir do século V, depois de alguém que já trazia suplício no próprio nome, Suplício Severo (363-425) (suspeita Humphereys), escritor fantasista cristão e inventor de numerosos milagres na vida de S. Martinho de Tours, ter aparecido no cenário cristão. Era um advogado que, segundo se conta, largou a família para dedicar-se a religião e acabou virando santo. Creio que nesse caso se apontar o autor fique sendo mais uma curiosidade do que propriamente uma necessidade para caracterizar a fraude.

Notamos que Flávio Josefo (37-100) ou 103 (?), Plínio o Moço (61-114)Suetônio (69-112) e Tácito (56-120) têm algo em comum: todos estiveram ligados à administração do Império Romano e desapareceram no inicio do século II. Portanto, todos os originais desses documentos deviam estar guardados numa mesma sala. Quando o cristianismo chegou ao poder, no século IV, gregos cristãos substituíram os gregos pagãos que há muito eram funcionários do governo.

Os pais da história tiveram toda facilidade para analisar e consumar as “evidências” de uma historicidade forjada. Tamanho empenho e risco não haveria de ser gratuito, quem frauda e mente o faz para esconder algo que lhe pode ser prejudicial. Como foi dito no início, tudo se deve a substituição do mítico Jesus Cristo pelo “histórico” Jesus de Nazaré. O cristianismo ideal, do Cristo, faz de tudo para livrar a cara do cristianismo real, das fraudes e desmandos. Tapar o Sol da razão com a peneira de uma filosofia reversa, que atua contrariamente ao desejo do conhecimento, ficou sendo sua maior preocupação.

“Nem todas as coisas verdadeiras são a verdade, nem deveria aquela verdade que apenas parece verdadeira segundo opiniões humanas ser preferida à verdade verdadeira, segundo a fé.” Clemente (citado por M. Smith, Clemente de Alexandria, p446) (HUMPHREYS).

Os nossos renomados historiadores que já se foram ou ainda não, os nossos atuais doutores filósofos (PhD) e mestres em história que defendem a crença cristã e a bíblia, como fonte digna de crédito, não estão preocupados com a reconstrução do passado simplesmente. São eles o fio de sustentação a dessa mentira histórica. A história faz parte da educação e a educação é o coração de uma cultura. Se ele parar, ela morre. Portanto, esses historiadores cristãos dão sobrevida a nossa cultura cristã acreditando que é o melhor que podem fazer pelo ofício de educar. Acreditam no preconceito filosófico de que o Homem precisa ser enganado para reagir positivamente. Mas nem todos pensam assim. O surgimento da Internet deu voz a quem nunca teve e a cultura dominante nunca se viu tão ameaçada ao ver a sua mentira por um fio.

[...] a educação moral sem base religiosa desanda, esvai-se geralmente em frases de efeito, e não produz resultados práticos, exceto numa ou noutra pessoa de fina sensibilidade ou de grande força de vontade, capaz de reconhecer nas regras éticas imposições da própria natureza, que se precisa aceitar para viver bem. [...] o cerne da sua doutrina é perene e válido, pois ele se apoia nas regras da reta razão, no acordo com a natureza intelectual do homem, e nas palavras de Cristo, que não passarão jamais, conforme a sua divina promessa. (NUNES, 1978, p. 104)

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