A Soninha (Serra) está de volta

Por Altamiro Borges

Sempre que José Serra está em apuros, Soninha Francine surge do nada com mais um dos seus factóides. Ela gosta mesmo do ex-governador. Nunca o traiu. Desta vez, em entrevista ao sítio Congresso em Foco, a ressentida ex-vereadora do PT (2005-2007) afirma que o partido cobrava comissão dos seus parlamentares e funcionários. “Eu achava isso um absurdo. Todo mês a gente quebrava o pau”.

Pré-candidata do PPS à prefeitura de São Paulo e integrante de uma autarquia no governo tucano de Geraldo Alckmin, ela acusa o PT de ter feito “caixinha”, cobrando 5% dos vencimentos dos vereadores e dos funcionários dos gabinetes. “A direção partidária exigia uma porcentagem sobre a gratificação de todos os assessores nomeados no gabinete, fossem eles filiados ao PT ou não”.
 
“Agora que ela vem falar disso?”

O novo factóide de Soninha foi menosprezado pelos dirigentes petistas. Ex-presidente municipal da legenda, o vereador Ítalo Cardoso explicou que o estatuto partidário - e não só o do PT - define a contribuição dos filiados, inclusive dos eleitos pela sigla e dos que prestam assessoria. Mas apenas dos filiados. “Se a Soninha tem outro tipo de relação, eu não tenho nada com isso”, ironizou.

Já o atual presidente do diretório municipal, Antônio Donato, garantiu que a tal “caixinha” nunca existiu e que apenas os filiados contribuem financeiramente com o partido. “Se teve algum problema com ela, ela que procure o que achar de direito”, orientou, em tom de deboche. E ainda alfinetou: “Agora é que ela vem falar disso?”.

A defesa do “companheiro”

A “denúncia” de Soninha surge exatamente no momento em que Serra vive seu inferno astral. Seu ex-subchefe da Casa Civil e um dos coordenadores de sua campanha em 2010, João Faustino, foi preso por desviar dinheiro da inspeção veicular no Rio Grande do Norte. O livro de Amaury Ribeiro, A privataria tucana, atingiu em cheio a cabeça do ex-governador – doeu mais do que aquela famosa bolinha de papel. E o Datafolha indicou que Serra sofre de rejeição crônica (35%) entre os eleitores paulistanos.

Soninha Francine, que coordenou as redes sociais na campanha presidencial de Serra e que hoje integra o governo Alckmin, deve ter percebido as dificuldades do “companheiro” e saiu em sua defesa, com seus famosos factóides. Em 2010, ela ajudou a difundir os preconceitos da direita nativa – sobre aborto, religião e outros temas. Ela não tem mais nada a ver com sua origem “libertária”. É uma tucana disfarçada!

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