O “dinheirinho” do aluguel, no petróleo, são bilhões


Projeto Nacional




Hoje saiu a notícia de que está a caminho do Brasil a primeira das três plataformas que a petroleira OGX, do empresário Eike Batista, afretou para a produção de petróleo na Bacia de Campos. É este navio que você vê na foto.

Na notícia, há uma informação que jogar ao mar a história de que “tanto faz” quem tire petróleo, desde que siga as normas de pagar os royalties e participações previstos na lei.

E que mostra como é relevante para o país que haja uma política de exploração que alimente toda a cadeia produtiva que o petróleo pode mobilizar.

Qual é a informação? É o preço que se vai pagar por esta plataforma, do tipo FPSO, um navio que recolhe e armazena o petróleo extraído.

Quanto custa o fretamento? A bagatela de 263 mil dólares por dia. Por dia, isso mesmo. Ou US$ 7,9 milhões por mês, ou ainda US$ 94,6 milhões por ano. Agora, considere que os prazos de afretamento são longos, em torno de dez anos e verá como se vai embora US$ 1 bilhão num negócio destes. Por uma plataforma só, das mais de 50 que a exploração de petróleo vai mobilizar até o fim da década.

O Eike Batista, que bobo não é, sabe disso e está fazendo um estaleiro, em parceria com a coreana Hyundai para produzir plataformas aqui.

É caro? É. É demorado? É. Exige investimento alto e redução temporária do lucro? Exige.

Porém, como Eike Batista gosta de ganhar dinheiro – e muito dinheiro -  vai fazer suas plataformas e vender outras para quem quiser comprar. Ele próprio disse outro dia que seus ativos são “à prova de trouxas” e que está menos preocupado em ganhar um hoje do que dois, amanhã.

Agora, meu caro leitor, procure aí no Google uma notícia de que a Shell, ou a Chevron, ou qualquer outra petroleira estrangeira aquinhoada com áreas de exploração de petróleo na costa brasileira esteja construindo aqui alguma plataforma.

Ontem mesmo a gente postou aqui a informação de que uma “petroleira nacional” – nacional, coisa nenhuma, toda montada com dinheiro de fundos estrangeiros – é apenas um escritório de negócios local, porque não se extrai petróleo com 17 funcionários, não é?

Mas não é porque eles sejam trouxas, não. Ao contrário, os experts são espertos. O negócio deles não é investir, é mandar lucro, gordo e rápido, para suas matrizes.

Atingir as metas de conteúdo nacional não é uma tarefa simples nem barata. A própria Petrobras algumas vezes, num ou noutro equipamento ou instalação tem dificuldade de fazê-lo por falta de capacidade dos fornecedores de cumprir prazos e especificações, mesmo com todo o apoio que a estatal lhes dá.

É assim mesmo, porque o que a gente chama de “curva de aprendizado” num setor que estava parado e sucateado como a indústria naval e engatinhando, como a indústria de equipamentos petroleiros, precisa de tempo e de encomendas para se tornar competitiva.

Isso custa um pouco mais. Mas muito, muito menos do que, como você viu, teríamos de mandar para fora, todos os dias, afretando equipamento estrangeiro.

Para aquelas pessoas que acham que é mais rápido, mais barato e mais eficiente comprar navios e equipamentos lá fora falta uma parcela na conta.
Uma pequena, insignificante, desprezível parcela: o interesse pelo Brasil.

Por: Fernando Brito

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