Folha virou a lixeira do jornalismo

Nassif

A Folha aceita qualquer lixo que seja entregue a ela. Nem mesmo a Veja teve coragem de divulgar o tal "consultor" condenado a quatro anos de prisão. Terceirizou para a Folha, que aceitou de pronto.. Não foi a primeira terceirização de Veja para a Folha.


Agora a Folha Online antecipa a possível manchete da Folha de amanhã. Um grampo ilegal de uma conversa entre Erenice Guerra e Silas Rondeau (ilegal porque fazendo parte de um inquérito, sem ter nada, nem uma vírgula, que acrescente nada a ele), em que ela - como advogada - comenta os furos dos inquéritos policiais.

Depois de todo alarde sobre privacidade, sobre a ilegalidade de abrir declarações de renda, o jornal incorre no mesmo crime que denuncia. Pior: no trabalho de receptação de informações sigilosas, comete manchetes em torno do nada. Lixo puro. A única utilidade dessa matéria é mostrar que a Folha não tem nenhum escrúpulo para divulgar grampos ilegais; e nenhum discernimento para entender que a conversa não tem um ponto sequer que comprometa os grampeados.

Da Folha
Erenice planejava defender investigados por corrupção quando saísse do governo
ANDREZA MATAIS DE BRASÍLIA
HUDSON CORRÊA DO RIO


A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra pretendia trabalhar como advogada quando saísse do governo e "ganhar dinheiro" apontando erros em processos contra investigados por corrupção.
Foi o que ela confidenciou em conversa telefônica gravada, com autorização da Justiça, pela Polícia Federal no dia 14 de maio de 2008.

Na época, Erenice ocupava o cargo de secretária-executiva da Casa Civil e era braço-direito da ministra Dilma Rousseff, hoje candidata à Presidência pelo PT.
O alvo da escuta era o interlocutor dela no diálogo, o ex-ministro das Minas e Energia Silas Rondeau, que havia sido exonerado do governo um ano antes, depois de a PF acusá-lo de receber propina dentro do gabinete.

Em 2008, Rondeau era também investigado pela PF por suspeita de tráfico de influência num esquema com o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Por isso o telefone dele tinha sido grampeado.

Na conversa interceptada pela polícia, porém, o ex-ministro tratava de uma terceira acusação: Rondeau havia sido denunciado pela Procuradoria da República ao Superior Tribunal de Justiça sob acusação de envolvimento em desvios de dinheiro de obras públicas.

No telefonema, Erenice procurou acalmar Rondeau. "Isso [a denúncia] não se sustenta, Silas. Um dia eu ainda vou sair daqui e ganhar dinheiro com essas coisas fora, viu? Fica tranquilo, que acho que isso vai resolver fácil, porque não se sustenta de jeito nenhum."

Em seguida, acrescentou: "Eu fico completamente impressionada com a capacidade de instrução de inquérito falho que a polícia faz e a aceitação por parte do Ministério Público. É lamentável. Nós estamos vivendo uma disputa política e de politização do Judiciário, que é um negócio escandaloso".

A ligação partiu dela e foi feita do seu então gabinete na Casa Civil.

Erenice disse que havia chegado a pensar no ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos para defender o ex-colega de governo. Mas aconselhou Rondeau a manter José Gerardo Grossi como seu advogado, e não usasse os escritórios que os demais acusados estavam acionando. "Acho o seu mais experiente", afirmou Erenice.

DOSSIÊ

Quando a conversa ocorreu, Erenice enfrentava a acusação de ter elaborado na Casa Civil um dossiê sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso --documento que tinha como objetivo constranger a oposição e impedir a instalação da CPI dos Cartões Corporativos.

Posteriormente, a PF comprovou que a planilha de fato foi confeccionada dentro do Planalto e em formato atípico. A investigação, porém, ficou 15 meses suspensa e só foi retomada em março deste ano, com pedido de acareação e depoimentos do Ministério Público.

A Folha tenta falar com Erenice desde o fim de semana passada, sem sucesso.

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