Fifa quer álcool em estádios. Nossa lei não vale?

Tijolaço



A Fifa está impondo a liberação de bebidas alcóolicas nos estádios na Copa 2014, pelo patrocínio da Budweiser

Ninguém tem dúvidas de que a Copa do Mundo é um evento importantíssimo  para os países que a sediam, não apenas em termos de turismo mas, sobretudo, pela divulgação de sua imagem e projeção no mundo. Mas a Fifa se aproveita disso para agir de forma muito autoritária em relação aos países que sediam a competição. Aquele tal “fair-play” que pregam para o esporte não vale para as relações com os governos.

Exige liberação de impostos, facilidades alfandegárias e outras vantagens, sempre com a chantagem de que sem isso o país interessado não terá condições de sediar a maior competição de futebol do planeta.

E, muitas vezes, isso leva a situações absurdas. Agora, por exemplo,  a Fifa quer passar por cima do Estatuto do Torcedor, uma das maiores conquistas da sociedade brasileira  para melhorar a convivência e aumentar a segurança dos torcedores nos estádios. A Fifa não aceita a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios, pois um dos contratos publicitários já fechados para a Copa de 2014 é com a Budweiser, e um dos parágrafos do acordo deixa claro que a empresa, dos mesmos donos da Brahma (grupo Ambev), pode vender bebida alcoólica nos jogos, como informa a coluna de Ancelmo Góis, no jornal O Globo, na edição de hoje.

A Fifa não se orienta por bom senso ou parâmetros de segurança. Ela parece não interessar que a venda de bebidas possa gerar brigas entre torcedores, dentro e fora dos estádios. O que interessa são os patrocinadores e seu dinheiro.

Além de autoritária, a Fifa ainda foi deselegante por afrontar uma medida menos de 48 horas depois de o presidente Lula ter mandado para o Congresso o novo Estatuto do Torcedor com sua novas leis. Entre elas, a nova redação do artigo 13, que estabelece que “o acesso e a permanência nos estádios se dará sem bebidas ou substâncias proibidas, sem cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, sem cânticos discriminatórios, sem fogos de artifício”.

Também foi desrespeitosa com a sua afiliada, a CBF, que em 2008 proibiu a venda e consumo de bebidas alcoólicas nos estádios em todos os torneios que organiza, justamente para conter a violência. Patrocinada pela Ambev, a CBF tomou a decisão e não perdeu o patrocínio por causa disso. Por que a Fifa não poderia fazer o mesmo? O governo deveria chamar o Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do comitê organizador da Copa para que conversasse com a Fifa sobre isso e a demovesse da imposição sem propósito,

Está mais do que provado que a combinação álcool e futebol não dá certo nos estádios. A bebida, consumida de maneira irresponsável,  leva à confusão, ao tumulto e estimula a violência física. Basta lembrar dos hooligans bêbados, que promoveram colossais ondas de violência nos campos de futebol, na Inglaterra e em outros lugares do mundo, com mortos e feridos. E não foi fácil afastar os vândalos pra longe dos estádios europeus. Uma das medidas foi a proibição de venda de bebidas alcoólicas nos estádios.

Por aqui, se fez o mesmo, não apenas no interior dos estádios, mas em suas imediações.  A solução, no início, desagradou a alguns torcedores, mas com o tempo o bom senso prevaleceu. Hoje, ninguém reclama por não poder beber durante o jogo. A decisão anunciada pela Fifa significa um retrocesso. Vai de encontro ao esporte e ao que ele representa. A Copa do Mundo é, antes de tudo, uma grande festa entre povos de diversas partes do planeta, com a presença de famílias, mulheres e crianças. E para que haja comemoração sadia nos estádios seria bem melhor que as bebidas alcoólicas coninuassem do lado de fora.

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