ISSO AQUI O QUE É? É A REDE
CARLOS ODAS no BRASIL247


Definitivamente, a Rede é a reação da nossa boa e velha classe média urbana a um nível de inclusão que começou a eclipsar o seu exclusivismo; é a ideia que o PSDB gostaria que tivesse sido sua
A Rede aprovou uma posição diametralmente oposta à do PSOL: só não vale voto em Dilma.
Ah, como deve ser gostoso ter nascido na classe média - a boa e velha classe média do meu tempo, não a classe trabalhadora expandida, ampliada, formalizada e com acesso a novas oportunidades a quem chamam "a Classe C";
Poder botar um nariz de palhaço de vez em quando pra reclamar da carga tributária e da qualidade dos serviços públicos, fantasiar-me de black bloc e quebrar tudo, falar em "nova" política e nivelar toda a classe política por baixo - exceto a Marina Silva e o Joaquim Barbosa;
Falar mal do Brasil quando vou a Miami mas também ajudar aquele projeto superlegal, que ensina meninos do morro a baterem tambor pra não fazer feio no programa da Regina Casé ou aquele outro, que dá ótimas noções de software livre para os filhos dos garis;
Reunir meus amigos brancos pra discutir o racismo e, assim, manter alvíssima a minha consciência;
Defender os indiozinhos, a floresta, os peixinhos, a oncinha pintada e o coelhinho peludo;
Fumar maconha pacas escondido dos meus pais, que eu sei que também fumaram maconha nas baladas de Maromba e Visconde de Mauá ao som de Mutantes;
Conectar-me à natureza;
Ensinar ao meu avô napolitano os novíssimos termos do politicamente correto;
Faturar uma passagem pra aquele fórum maneiríssimo da ONU sobre as populações atingidas pelo derretimento das calotas polares e lá poder dizer o que pensa sobre o assunto "a juventude do meu tempo";
Perceber que o mundo gira e que não dá mais pra ficarmos presos a uma polarização entre os que não dormem e os que não comem, porque tudo isso, na verdade, deve ser visto sob uma ótica holística que considera a percepção dos indivíduos sobre o seu papel na sociedade mais importante até que a nomenclatura que se dê aos campos em disputa (ou não);
Ser da Rede e poder votar em Aécio contra a corrupção.
Definitivamente, a Rede é a reação da nossa boa e velha classe média urbana a um nível de inclusão que começou a eclipsar o seu exclusivismo; é a ideia que o PSDB gostaria que tivesse sido sua; é uma versão aprimorada do agregado sem votos, o PPS; é uma espécie de película asséptica psicológica que permite à parte da classe média sentir-se mais limpa do que os notórios corruptos em que vota, pois o faz para derrotar o PT e mudar "tudo isso que está aí"; é a desqualificação da consciência de classe; é um anjo que sopra às consciências de quem nele crê: "não tome como seus os problemas dos outros, pois tudo se justifica sob o argumento de que a 'alternância é um princípio sagrado da democracia', ainda que o caso seja o de alternar entre agendas antagônicas em relação a tudo o que dizemos defender; ainda que a alternância seja entre o velho e o povo".
A Rede aprovou uma posição diametralmente oposta à do PSOL: só não vale voto em Dilma.
Ah, como deve ser gostoso ter nascido na classe média - a boa e velha classe média do meu tempo, não a classe trabalhadora expandida, ampliada, formalizada e com acesso a novas oportunidades a quem chamam "a Classe C";
Poder botar um nariz de palhaço de vez em quando pra reclamar da carga tributária e da qualidade dos serviços públicos, fantasiar-me de black bloc e quebrar tudo, falar em "nova" política e nivelar toda a classe política por baixo - exceto a Marina Silva e o Joaquim Barbosa;
Falar mal do Brasil quando vou a Miami mas também ajudar aquele projeto superlegal, que ensina meninos do morro a baterem tambor pra não fazer feio no programa da Regina Casé ou aquele outro, que dá ótimas noções de software livre para os filhos dos garis;
Reunir meus amigos brancos pra discutir o racismo e, assim, manter alvíssima a minha consciência;
Defender os indiozinhos, a floresta, os peixinhos, a oncinha pintada e o coelhinho peludo;
Fumar maconha pacas escondido dos meus pais, que eu sei que também fumaram maconha nas baladas de Maromba e Visconde de Mauá ao som de Mutantes;
Conectar-me à natureza;
Ensinar ao meu avô napolitano os novíssimos termos do politicamente correto;
Faturar uma passagem pra aquele fórum maneiríssimo da ONU sobre as populações atingidas pelo derretimento das calotas polares e lá poder dizer o que pensa sobre o assunto "a juventude do meu tempo";
Perceber que o mundo gira e que não dá mais pra ficarmos presos a uma polarização entre os que não dormem e os que não comem, porque tudo isso, na verdade, deve ser visto sob uma ótica holística que considera a percepção dos indivíduos sobre o seu papel na sociedade mais importante até que a nomenclatura que se dê aos campos em disputa (ou não);
Ser da Rede e poder votar em Aécio contra a corrupção.
Definitivamente, a Rede é a reação da nossa boa e velha classe média urbana a um nível de inclusão que começou a eclipsar o seu exclusivismo; é a ideia que o PSDB gostaria que tivesse sido sua; é uma versão aprimorada do agregado sem votos, o PPS; é uma espécie de película asséptica psicológica que permite à parte da classe média sentir-se mais limpa do que os notórios corruptos em que vota, pois o faz para derrotar o PT e mudar "tudo isso que está aí"; é a desqualificação da consciência de classe; é um anjo que sopra às consciências de quem nele crê: "não tome como seus os problemas dos outros, pois tudo se justifica sob o argumento de que a 'alternância é um princípio sagrado da democracia', ainda que o caso seja o de alternar entre agendas antagônicas em relação a tudo o que dizemos defender; ainda que a alternância seja entre o velho e o povo".
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