A marcação sobre Tiririca

Nassif

A marcação do Estadão com o Tiririca ainda vai suplantar, em ridículo, a contagem diária sobre a "censura" – que tenta equiparar um episódio irrelevante de bloqueio judicial de notícia às grandes batalhas do jornal contra sucessivas ditaduras. Tanto grande tema para ser desenvolvido e o Estadão escolhe Tiririca como alvo de sua nova guerra santa. Aliás, diga-me a quem combates, que te direi quem és.

Manchetes espalhafatosas, espaços imensos no jornal, artigos em tom pedante, mencionando "malfeitorias", tudo porque Tiririca contratou como assessores parlamentares... palhaços, justamente pessoas da sua origem, do perfil que lhe garantiu a maior votação do Estado de São Paulo.

Queriam o quê? Que contratasse lentes da Faculdade de Direito, catedráticos da Faculdade de Filosofia?
A resposta do deputado foi perfeita:

"O deputado Tiririca nomeou os assessores levando em conta o critério de conhecê-los pessoalmente e também o fato de serem dois comunicadores que vão colaborar e desenvolver trabalhos dentro da temática que o deputado atua."

São ridículas as críticas de que ele até agora não apresentou nenhum projeto de lei. Quem apresentou? Quantos não apresentaram?

Tiririca pertence ao baixo clero da Câmara, a maior representação entre todos os partidos. São deputados eleitos por suas bases, que seguem os votos dos formadores de opinião, quase nunca apresentam projetos de lei. A única diferença dos demais foi sua estrondosa votação.

Qual a intenção do jornal de transformá-lo em personagem de tal vulto, merecendo manchete de tal dimensão? Apenas populismo barato, dificuldade de aprimorar a pauta para levantar fatos relevantes e atraentes.

Ou então a intenção de desmoralizar esse anacronismo, a democracia representativa, substituindo o voto por concursos públicos, cuja banca será presidida por jornalistas brilhantes da casa. 

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Tiririca emprega os amigos humoristas, que ficam em SP, com salário de R$ 8 mil
Colegas de profissão e criadores dos slogans da campanha eleitoral do palhaço mais votado do País, José Américo Niccolini e Ivan de Oliveira são pagos sem precisar dar expediente na capital federal
31 de março de 2011 | 23h 10

Leandro Colon, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Deputado mais votado do Brasil, com 1,3 milhão de votos, o palhaço Tiririca (PR-SP) usa dinheiro da Câmara para empregar humoristas do programa A Praça é Nossa. Em 23 de fevereiro, foram nomeados como secretários parlamentares os humoristas José Américo Niccolini e Ivan de Oliveira, que criaram os slogans da campanha eleitoral do deputado. Ambos recebem o maior salário do gabinete, de até R$ 8 mil, somadas as gratificações.

Durante a campanha, Tiririca ficou conhecido pelo slogan 'pior do que está não fica'

Niccolini é presença semanal na TV com o personagem Dapena, uma sátira do apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datena. No ano passado, durante as eleições, o humorista foi protagonista de um quadro cômico que interpretava os então candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).

Os humoristas nomeados por Tiririca moram em São Paulo e não cumprem expediente diário como servidores da Câmara - até porque Tiririca não tem escritório político na capital paulista. Niccolini e Oliveira ajudaram a fazer dois dos slogans principais da campanha: "Vote no Tiririca, pior do que está não fica" e "O que é que faz um deputado federal? Na realidade, não sei. Mas vote em mim que eu te conto".

Ideias. Procurado pelo Estado, Niccolini justificou a sua contratação na Câmara com a seguinte frase: "A gente é bom para dar ideias". "Ele (Tiririca) escolheu a gente porque ajudamos na campanha, só por isso. Porque acredita que podemos dar boas ideias."

Os dois secretários parlamentares de Tiririca fazem parte do grupo de humor Café com Bobagem, que, entre outras coisas, tem parceria com o A Praça é Nossa, programa da emissora SBT, onde conheceram o palhaço há dez anos. Por sinal, é no escritório do Café com Bobagem, em São Paulo, e não num lugar ligado ao mandato de Tiririca na Câmara, que os humoristas contratados trabalham diariamente.

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Questionado pela reportagem sobre o valor pago na campanha eleitoral por terem criado os slogans, Niccolini foi irônico: "Uns 100 milhões de dólares para cada um; pouquinho".

Segundo a prestação de contas de Tiririca à Justiça Eleitoral, a empresa do grupo, T.R.E. Entretenimento Ltda., recebeu R$ 10 mil pelo serviço.

Comunicação. Procurado pelo Estado, Tiririca informou, por intermédio da assessoria de imprensa, que contratou os dois humoristas para ajudá-lo no mandato parlamentar.

"O deputado Tiririca nomeou os assessores levando em conta o critério de conhecê-los pessoalmente e também o fato de serem dois comunicadores que vão colaborar e desenvolver trabalhos dentro da temática que o deputado atua."

Nesta sexta-feira, 1º de abril, completam dois meses desde que Tiririca tomou posse. Campeão de votos em 2010, é o segundo mais votado da história - perde para Enéas Carneiro, que disputou pelo Prona.
Por enquanto, Tiririca não apresentou nenhum projeto de lei nem fez discurso na tribuna do plenário.
Erro no voto. Na sessão mais importante até agora, a votação do salário mínimo, o deputado disse que se confundiu e votou errado, contrário ao governo: apoiou o valor de R$ 600, quando, de acordo com orientação partidária, deveria votar pelos R$ 560 aprovados pela maioria.

Tiririca foi indicado pelo PR para a Comissão de Educação e Cultura. "Deu para entender legal", disse, após a primeira reunião do colegiado.
No fim do ano passado, após ser eleito, envolveu-se numa polêmica com o Ministério Público, que contestou sua candidatura sob alegação de que ele seria analfabeto. O deputado foi submetido a dois testes - de leitura e escrita -, por exigência do Ministério Público, e conseguiu provar que não é analfabeto. Ele teve que ler em voz alta e escrever um ditado. O palhaço obteve uma vitória na Justiça, que não viu elementos para prejudicar sua posse.
Brechas. A falta de um controle rigoroso de frequência dos funcionários do Congresso sempre abriu brecha para nomeações de amigos e parentes de parlamentares. Com a súmula antinepotismo do Supremo Tribunal Federal, em 2008, proibiu-se o emprego de familiares e os cargos de confiança passaram a ser ocupados cada vez mais por pessoas próximas de deputados e senadores.

Os parlamentares não abrem mão desses cargos de livre nomeação, apesar de terem um quadro de servidores de carreira à disposição. A possibilidade de empregarem assessores nos Estados é um espaço para que os funcionários virem cabos eleitorais regionais sem qualquer fiscalização. O ex-senador Efraim Morais (DEM-PB), por exemplo, foi acusado de nomear pelo menos 52 senadores em seu Estado, na Paraíba, a maioria fantasma.

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