Mídia tucana teme a Seleção


Eduardo Guimarães



A avalanche de críticas à Seleção entoada pela mídia ligada ao PSDB começou bem antes da estréia brasileira na Copa. As razões vão da insubmissão de Dunga aos pretensos ditames midiáticos sobre a convocação dos jogadores à crença maluca da direita em que a conquista de mais um título mundial poderá contribuir para a eleição de Dilma Rousseff.

O diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra, teorizou sobre o assunto da influência de Copas do Mundo em eleições presidenciais em artigo publicado no mês passado no jornal Correio Brasiliense, mostrando ser bobagem acreditar que o povo votaria desta ou daquela forma influenciado pela vitória ou pela derrota da Seleção no campeonato mundial de futebol masculino.

Coimbra lembrou que em 1998 e em 2006, por exemplo, o Brasil perdeu a Copa e os presidentes de então se reelegeram (FHC e Lula, respectivamente). Porém, pelo sim, pelo não, a mídia tucana parece decidida a desanimar a população quanto ao desempenho do esquete de Dunga.

Quanto ao jogo do Brasil, os adjetivos beiram a maluquice. “Fracasso”, “sofrível”, “medíocre” etc.
Claro que o derrotismo não vem só da mídia tucana por razões políticas, no âmbito da campanha midiática para convencer os brasileiros de que o Brasil está muito pior do que eles percebem – em todos os sentidos, do econômico ao desportivo. Há muita gente dizendo essas coisas influenciada pela mídia e pela histórica mania de cada brasileiro de se achar capaz de convocar melhores seleções do que os técnicos.

Mas, no caso da imprensa de Serra e de FHC, as razões são mal-intencionadas. Sobretudo porque, além do medo de uma conquista da Copa pelo Brasil ajudar na eleição de Dilma, há o fator da rebeldia de Dunga em relação à mídia.

Hoje se percebe alguns insultos mais pesados a ele nos jornais e nos telejornais por ter ironizado a mídia em coletiva de imprensa ao fim do jogo de ontem. Ao ser cobrado pela vitória “magra” diante da Coréia do Norte,  lembrou que esses meios de comunicação chegaram a exigir a cabeça de Robinho não faz tanto tempo. O mesmo Robinho que talvez tenha sido o melhor em campo, no jogo de ontem.

Apesar de não ser um teórico avalizado do ludopédio (futebol, para quem não sabe), no decorrer de minhas cinco décadas de vida aprendi como é arriscado linchar técnicos. Felipão entrou no Mundial de 2002 como Dunga e saiu como todos sabem. Dunga, quando estreou em 2006, foi chamado de “burro” nos estádios de toda parte e depois levou o Brasil a campanhas magníficas tanto nas eliminatórias da Copa quanto na Copa América.

Sobre o jogo de ontem, a ridícula paranóia da imprensa golpista e tucana de que uma eventual conquista da Copa pelo Brasil possa ajudar Dilma se soma a preocupações honestas, porém injustificadas, com o desempenho do Brasil.

O brasileiro precisa parar com essa mania arrogante de querer que o Brasil goleie qualquer seleção que não esteja entre as de maior tradição no futebol mundial. O time da Coréia do Norte, como previ em post anterior, entrou em campo para vender caro a sua derrota. É uma equipe de atletas bem preparados e com um esquema tático obviamente programado para a retranca, o que dificulta o ataque de qualquer seleção por mais superior que seja.

Quero ver a cara desse pessoal se o Brasil vencer a Copa. Daí, tentarão diminuir a conquista das formas mais absurdas.

Essas críticas à seleção estão sendo extemporâneas, exageradas e, muitas vezes, mal-intencionadas. Não houve um desempenho tão fraco da Seleção. A Coréia não é um time tão ruim. Não estaria na copa, se fosse. Mas os adjetivos que se vê na imprensa dão a impressão de que o Brasil sofreu uma goleada. Essa gritaria é ridiculamente precipitada.

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