Excessos da Lava Jato põem em risco setor produtivo

Andre Araujo publicado no Jornal GGN




O FATO CRIMINAL E AS REPUTAÇÕES - Com a prisão dos presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez o Brasil entra no pântano perigoso onde o País pode afundar por 20 anos. O FATO CRIMINAL é uma ocorrência que faz parte dos riscos de uma empresa de grande porte.

Quase todas as grandes empresas do mundo tiveram em certos momentos de sua existência participação ativa ou passiva em atos que poderiam ser enquadrados como fatos criminosos. Processos surgiram em função desses fatos, MAS o poder público, aí entendido como Executivo e Judiciário, sempre teve cuidado em preservar o capital da empresa, representado por ativos físicos, clientela e reputação. A REPUTAÇÃO é talvez o maior capital de uma empresa, o que leva mais tempo a construir.

As empresas podem ter seus ativos destruídos, mas se mantém a reputação podem sobreviver e se reconstruir. Foi o que aconteceu na Segunda Guerra com as grandes empresas alemãs e italianas, que foram reduzida a escombros e renasceram e hoje estão entre as maiores do mundo, a ponto da FIAT, cujas fábricas em Mirafiori foram bombardeadas e completamente destruídas, propõe hoje uma fusão com a General Motors, outrora a maior empresa do mundo, depois de ter comprado a Chrysler e a Case nos EUA.

A Siemens e a Bayer foram fornecedoras diretas para a construção e a operação dos campos de extermínio do Holocausto. A Siemens fez os fornos e a Bayer (dentro da I.G.Farben) fez o gás Zyclon B, usado para matar os judeus.

MAS O ESTADO ALEMÃO sempre defendeu as empresas, porque o capital delas faz parte da riqueza do País, aí entendido também a reputação.

Anos depois, nas décadas de 60 e 70 a Lockheed, fabricante de aviões, gastou $478 milhões de dólares em propinas para vender aviões militares, com a comissão paga ao Príncipe Bernhard, marido da Rainha da Holanda, o caso veio a tona e tornou-se um escândalo público. Mas o Governo americano NÃO PRENDEU os executivos da Lockheed, pediu a demissão do Presidente do Conselho apenas. Por quê? A Lockheed era uma empresa importante demais para ter sua reputação abalada, o Governo precisava manter a imagem da empresa. Hoje a Lockheed continua sendo a 2ª fabricante de aviões dos EUA, depois da Boeing e vale na Bolsa US$68 bilhões.

O que o Estado brasileiro permitiu que se fizesse com a ODEBRECHT e a ANDRADE GUTIERREZ é uma completa loucura, na linha do que já foi feito com empreiteiras de 1ª linha que QUEBRARAM por causa da ação do Judiciário e da Policia Federal, caso da OAS e da Engevix, levando na enxurrada concessões (aeroportos de Guarulhos e Brasília) e grande número de empresas e projetos paralelos em andamento. A Andrade estava justamente agora criando uma base de expansão no exterior, já com contratos de bilhões de dolares assinados, e agora?

Nenhum País do mundo permite que o Judiciário e a Policia destruam suas principais empresas.

Seria como alguém demolir a casa para matar baratas.

Essa insanidade tem DNA na leviandade de quem permitiu que as corporações construíssem seus castelos de poder independente, caso do MPF e da Policia Federal. Na França seria impensável se prender o presidente da Dassault ou da Renault sem que a decisão passasse pelo Presidente da República, que poderia simplesmente impedi-la. Nos EUA, o único presidente de empresa preso nos últimos 30 anos foi o da ENRON, que quebrou por fraude contábil, em outros casos onde há ocorrência de fatos criminais nem por sonho se pensa em destruir a empresa, ai entendida a prisão de seu principal executivo. Na mega crise de 2008 ninguém foi preso e a fraude e as perdas para o País valem DUAS MIL LAVA JATOS. Seria possível algum promotor e o chefe de polícia prenderem o presidente da Goldman Sachs e assim destruír a firma? A base da economia é capitalista, e base de tudo são as empresas, destruí-las é destruir a própria economia.

As empresas não pertencem só aos acionistas, elas fazem parte do capital do País. São grandes empregadoras, pagadoras de impostos, exportadora de serviços. Puna-se dentro da lei, MAS a prisão do Presidente é um raio que cai sobre a empresa, que pode destruí-la. A empresa perde, imediatamente, o crédito e a clientela. Quem vai fechar um contrato no exterior com a Odebrecht depois que seu presidente foi preso?

O pessoal do Judiciário não tem essa noção e nem lhes interessa. Seus salários, assim pensam eles, estão imunes a crises, à baixa da arrecadação não é problema deles, suas ferias estão garantidas.

A LAVA JATO é uma guerra do SETOR IMPRODUTIVO da economia CONTRA O SETOR PRODUTIVO, o que gera riqueza e paga impostos. Até que no dia da vitoria final não exista mais dinheiro para pagar os salários dos IMPRODUTIVOS.

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