Sofismas de mercado

Nassif

Meses atrás, quando começou a grita infernal do mercado por mais juros, alertei aqui no Blog:

1. A partir de meados de 2011 o IPCA anual começaria a cair pela simples razão de que sua alta foi puxada por preços de alimentos no período outubro de 2010 a abril de 2011. Na verdade, achava que a pressão dos alimentos se diluiria um pouco antes, mas persistiu até abril.

2. Percebendo que haveria uma queda estatística dos índices anuais, os cabeças de planilha montaram um coro infernal exigindo taxas de juros mais elevadas. A lógica era simples. Quando a inflação anual caísse de fato, atribuiriam ao milagre dos juros. Se caísse sem aumento de juros, seu discurso perderia completamente a eficácia. Com a redução de 0,5 ponto na Selic, o BC decidiu pagar para ver. E não será necessário muito cálculo para perceber que Tombini ganhará a aposta.

Aqui, uma tabelinha simples, imaginando que o IPCA mensal repita o padrão de 2009 a 2010.


Para BC, haverá menos juros, inflação e crescimento | Valor Econômico

Por Claudia Safatle 

Para entender melhor o que pesou na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), ao cortar em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, é importante dimensionar o que está escrito no item 18 da ata divulgada ontem. Ele trata do cenário alternativo - construído "sob a perspectiva de um modelo de equilíbrio geral dinâmico estocástico de médio porte" - e indica que, se a crise externa tiver impacto de apenas 25% do que teve a de 2008/09, a atividade econômica doméstica desacelera e a taxa de inflação cai, conforme antecipou esta coluna na semana passada. Em números, isso representaria um adicional de 0,5 a 1 ponto percentual de queda do PIB e 0,5 ponto percentual de redução da inflação. Embora alternativo, esse é o cenário mais realista para o BC.

Mesmo com uma depreciação da taxa de câmbio e a redução dos juros, o Banco Central está convencido de que a taxa de inflação vai ceder em cerca de 2 pontos percentuais de outubro a abril. Isso significa que a variação do IPCA acumulada em 12 meses partiria de cerca de 7% para a casa dos 5% no período de seis meses, caminhando, assim, para o centro da meta de 4,5%.

Dentro desse prognóstico, a autoridade monetária deve reduzir de 4% para 3,5% a projeção de crescimento do país este ano, informação que será comunicada no Relatório Trimestral de Inflação que será publicado no fim do mês.

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