Carta aberta à Chico Caruso






Caruso, sua charge é uma violência, mas como toda arte, é discurso que expressa o lugar social que a origina, por isso, devo louvar sua capacidade artística de produzir o retrato da mão que paga a criatividade das suas.

Na imagem de um ser humano amarrado aos pés de um carrasco, na imagem do rosto de uma mulher subjugada por um homem mascarado e armado, você desenhou o mais real dos retratos do desejo daqueles que sustentam a grande mídia hoje. Nesta cena está o resumo do totalitarismo, da intolerância, da violação de direitos que se oculta por trás do discurso e uma pseudo-moralidade seletiva, por trás desta máscara está face dos que querem a manutenção de uma sociedade e de um Estado baseado na exploração, na desigualdade e na opressão.

Esta charge não é apenas machista e uma incitação à violência contra mulher. Nela, pelas suas mãos a serviço de um grande veículo de comunicação, mais de 50 milhões eleitores brasileiros estão prestes a serem degolados e, com estes, a democracia. Ela escancara o que realmente está em risco hoje no Brasil. Seu desenho mostra também que a grande mídia, a serviço do capital, é exatamente isso: o tribunal de julgamento, condenações e execuções daqueles que não se dobram aos seus interesses.

Caruso, sua arte, como toda arte, ultrapassa as pretensões e intenções de seu criador. Mais que imitar a vida, a síntese artística desta charge expressa o conteúdo e a forma das práticas e dos valores que estão no cerne das manifestações daqueles que se julgam incomodados em suas confortáveis varandas, batendo panelas que nunca estiveram vazias. Para estes que ainda não entenderam quem se oculta na falsa neutralidade da grande mídia nesta hipócrita cruzada moralizante, você os desenhou.



Sônia Aparecida Fardin

Campinas – SP

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