Filho de pedreiro e de cozinheira que entrou na UFRN via cotas postou depoimento emocionante nas redes sociais

Juventude Petisda RN



Renato Santos é filho de pedreiro e de cozinheira, tem 17 anos de idade e estuda Letras - Inglês na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Nesta sexta (18/07) ele nos surpreendeu com um depoimento emocionante postado no Facebook. Não deixem de ler, pois a realidade do Renato é a realidade de milhares de jovens de origem pobre, em sua maioria negros, para os quais cursar o ensino superior era apenas um sonho distante, quase impossível de ser realizado. Segue o depoimento na íntegra, com a devida autorização do Renato.


"Olá! Sou Renato Santos, tenho 17 anos, estudante universitário - de uma das melhores universidades públicas do País, a melhor do Norte-Nordeste -, sou professor e apoio o PT. Ok, nada anormal... - se não considerarmos quem eu sou.

Filho de Pedreiro e de Cozinheira, estudei toda a minha vida em escolas públicas municipais e estaduais, que diga-se de passagem, não eram lá essas coisas, como é de se esperar do Ensino Público Municipal/Estadual. Nelas, conheci o Inglês - e logo decidi aprender. E aprendi - by myself and with the support of a great friend, Zé Milton. E também tenho origem negra e indígena.

Pobre, oriundo de escola pública, negro, índio... Como se não bastasse o acúmulo de minorias, ainda sou gay! (E isso não é uma reclamação, pois é algo que sou muito feliz em ser).

Desde pequeno quis ser professor, mas ser aprovado em uma Universidade Pública sempre pareceu um sonho muito difícil para alguém que estava nas condições que eu vivia, pois sempre ouvia alguma desmotivação (como: “rapaz, vai pensar em trabalhar!”), e pagar universidade não seria um segundo plano para mim - e isso não era escolha. Desistir nunca foi bem meu forte.

Até que surgiu uma tal de Cotas. "GENTE. QUE ABSURDO! Vão me discriminar porque eu sou negro!". Sim, esse foi meu pensamento - influenciado pela falácia que é propagada pela Direita. Mal sabia eu que aquilo seria a salvação da minha carreira acadêmica.

Então, ano de Pré-vestibular, comecei a estudar feito um louco pra passar. Estudando, estudando, estudando e estudando... fiz a prova - no auge dos meus 15 anos. Momento mais difícil: escolher cotas ou não? E então disse SIM!

E veio o resultado! Assistindo a TV, foi uma grande emoção ver meu nome passar naquela lista de aprovados em Letras - Inglês da UFRN. APROVADO! Gritaria, emoção, choro, pulos e cabeça raspada: assim foram os primeiros momentos pós-aprovação. Aí então caí na consciência que deveria ver minha colocação. Entre 10 vagas, ficara em 12º. Pelos meus poucos conhecimentos matemáticos, AQUILO NÃO ERA POSSÍVEL!

Então, como em um flash, veio a minha mente o momento em que eu disse SIM às cotas. Aquele momento em que se firmava a justiça social. Aquele momento em que o peso histórico de ser negro e pobre começava a ser pago! E, demorei desde o começo de 2013 até os dias hodiernos pra compreender que peso histórico é esse.

O peso que o Amarildo conheceu, e que não foi diferente com a Cláudia e com o DG. Que tantos negros conhecem constantemente nas periferias, inclusive na que eu vivo diariamente. Faço parte da classe que começou a ser reconhecida no Governo Lula, e continua sendo no Governo Dilma.

Também faço parte de um povo que começou a ser beneficiado por um tal de Bolsa Família. Também conheço a realidade de não termos médicos, e agora chegaram até estrangeiros pra nos atender. Muitos amigos próximos se beneficiaram com a chegada de IFs na cidade em que eu moro. Também conheço transexuais que se beneficiam com o tratamento hormonal que lhes é oferecido pelo SUS. Lembro da alegria de meus pais a cada aumento de salário. “Que maravilha!”, costumava ouvir da minha mãe.

12 longos anos se passaram, e as melhorias que esse governo trouxe não foram poucas! E tenho certeza que muitas outras estão por vir se continuarmos nesse caminho! Como ser contra um governo que olha pra o povo? Como ser contra um governo que dá voz aos silenciados? Como ser contra um Governo que cumpre seu papel e olha pras minorias? Ainda há muito o que ser feito, e por isso, eu VOTO DILMA!

Além de todos os pontos favoráveis a esse Governo, UMA MULHER NO PODER! Voto Dilma, voto 13, voto para continuar mudando!"

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