Cartas do presidente da Petrobras ao blog de Miriam Leitão

Fatos e dados

 

Veja a nova carta enviada pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, à Miriam Leitão.  

Leia o post  Gabrielli em carta que me mandou: “Afirmo e reafirmo”, publicado nesta sexta-feira (15/10) no 

blog da colunista.

“Prezada Miriam,
Da Terra e não da Lua vão alguns comentários meus sobre sua coluna publicada hoje (15/10) no Globo para fins de esclarecimentos. Tentarei me ater exclusivamente as suas opiniões substantivas sobre a Petrobras, deixando os adjetivos de lado:

‘A Petrobras perdeu quase $100 bilhões de valor’. É verdade, como resultado de vários fatores como a crise internacional que desvalorizou muitos ativos, o desastre do Golfo do México, que afetou especialmente as empresas de petróleo, a demora da conclusão da capitalização devido à complexidade do processo eleitoral, e necessidade de manter a operação estritamente de acordo com as regras legais pertinentes. 

Dificilmente pode-se atribuir essa queda especialmente à atuação da direção da Companhia. Ao contrário, o sucesso da capitalização, além da participação do Governo e entidades relacionadas com uma demanda privada muito superior a oferta disponível de ações, mostra que o mercado acredita nas perspectivas futuras da empresa. Você, mesmo a contragosto, concorda que ‘ao ser capitalizada, principalmente com recursos da União, ela melhorou um pouco o desempenho’.

‘Está sendo mal avaliada em relatórios de bancos’. Você sabe que os relatórios dos analistas apontam para preços-alvo das ações nos próximos 12 meses e perspectivas de ganhos em relação à media do mercado. Eles não estã ‘julgando’ a gestão da Companhia, estão avaliando as possibilidades dos ativos geridos permitirem retornos adequados no horizonte de tempo que são relevantes para eles. Dois tipos de análises foram publicados. A maioria absoluta dos analistas ajustou tecnicamente o preço-alvo das ações, levando em consideração que o número de ações colocadas no mercado é muito maior depois da capitalização e portanto os preços unitários precisariam necessariamente ser reajustados. Uma minoria de acionistas alterou a recomendação sobre as ações de sugestões de compra porque elas poderiam ter um comportamento melhor do que o conjunto do mercado, para uma posição ajustada ao comportamento médio do mercado. O problema não é de mal ou bem. É uma avaliação relativa ao conjunto de ações disponíveis no mercado.

‘É a única ação que perde do Bovespa em um ano’. Difícil superar o índice do mercado brasileiro com as circunstâncias específicas mencionadas no primeiro tópico, especialmente o longo processo de capitalização, que manteve uma âncora sobre o preço das ações da companhia na maior parte do tempo considerado. O comportamento desses preços posteriormente à finalização da operação é bastante positivo considerando-se o tamanho da operação e a intensa volatilidade esperada em transações desse tipo nos dias posteriores à sua conclusão. As ações da Petrobras tiveram uma convergência para a estabilidade mais rápido do que o esperado, à exceção dos dias 6 e 7 da semana anterior quando as mudanças da tributação (IOF) sobre as aplicações de renda fixa dos estrangeiros provocou intensas movimentações de carteira, saindo das aplicações de renda variável, como as ações da Petrobras para outras aplicações, evitando a necessidade do pagamento dos 2% adicionais de impostos sobre movimentações financeiras. A intensa venda das ações baixou os seus preços, no meio de uma onda de boatos criminosamente espalhados sobre as revistas do final de semana e denúncias falsas contra a Petrobras.

‘Tem suas reservas em águas profundas, área em que no mundo inteiro estão sendo reavaliadas as normas de segurança’. É verdade que a Petrobras é a maior operadora de águas profundas do mundo. Operamos 20% da produção em campos com mais de 300 metros de lâmina de água (a segunda empresa opera 13%) e temos 45 unidades em operação (a segunda tem 15). Também é verdade que nossos procedimentos operacionais de segurança são muito mais rígidos do que outros e que a legislação brasileira já é mais rigorosa do que outras. Sempre afirmamos que há espaço para melhorar, e que os acidentes podem ser evitados pela disciplina operacional, adoção de procedimentos preventivos e rigidez nos compromissos com a segurança. Concordamos que as melhorias podem vir de novas ferramentas e técnicas para a contenção e recolhimentos de eventuais desastres e o fato de estarmos confiantes na nossa capacidade não pode levar ao desprezo sobre essas questões. Sempre reafirmamos nosso compromisso com a segurança em primeiro lugar.

Em relação à partilha e concessão já apresentei minha posição em carta anterior.

Tentando ser o mais objetivo possível espero ter contribuído salutarmente para o debate de assuntos relevantes para o futuro da Petrobras e para o seu presente.

Saudações,
José Sergio Gabrielli de Azevedo”
Leia também a primeira carta enviada à colunista. (mais…)

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