Partidarismo da Globo é ilegal

 
É fácil provar que ao menos a TV Globo se colocou a serviço da candidatura José Serra à Presidência. Basta comparar as coberturas diferenciadas que o Jornal Nacional fez dos lançamentos das candidaturas dele e da ex-ministra Dilma Rousseff .


Quero, porém, que o leitor examine a ilegal diferença de tratamento que a Globo deu aos lançamentos das candidaturas Dilma e Serra à luz da lei eleitoral, que, em seu artigo 45, parágrafo IV, diz, textualmente, o seguinte:

 É vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e noticiário, dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação

É farto o material que prova cabalmente que a Globo – e não só ela – faz o que a lei eleitoral proíbe na tevê ou no rádio. Esse material poderá ser reunido com facilidade durante a campanha eleitoral deste ano de forma a provar, mais adiante, que terá ocorrido um crime eleitoral. 

É preciso deixar claro, porém, que esse artigo da lei eleitoral só passará a viger a partir de 1º de julho próximo. 

Por enquanto, a sociedade tem que assistir impotente a absurdo como esse que foi uma das coberturas de lançamento de candidaturas (a de Dilma) pela Globo ter atacado o candidato enquanto que a outra tratou de exaltar o outro candidato com belas e positivas imagens e locuções dele e sobre ele.

No caso da cobertura do lançamento da candidatura de Dilma, a edição do Jornal Nacional produziu textos criticando posições do partido de forma velada e dando clara conotação negativa ao que é subjetivo a cada um. 

Abaixo, alguns desses textos da edição de 20 de fevereiro do Jornal Nacional.

A – “O PT aprovou um programa de governo que (...) confirmou algumas propostas consideradas radicais

B – “O partido aprovou uma proposta de combate ao que chama de monopólio dos meios eletrônicos de informação, cultura e entretenimento

C – “O PT mostrou também um tom mais moderado ao excluir temas polêmicos, como o aborto, a estatização da economia, e a volta do monopólio do petróleo.” 

D – “O congresso [do PT] trouxe de volta petistas históricos, como o ex-ministro José Dirceu, cassado e afastado do governo, e os deputados federais João Paulo Cunha e José Genoíno. Os três respondem a processo no Supremo Tribunal Federal por envolvimento no escândalo do mensalão do PT. Eles foram eleitos para o Diretório Nacional do partido

Já no caso da cobertura do lançamento da candidatura de José Serra, o Jornal Nacional reservou a cobertura sóbria, veiculando falas edificantes do candidato, pontos de sua plataforma eleitoral refratários a polêmicas e aceitos pelo senso comum e sem lembrar nenhum escândalo ou fato negativo, como, por exemplo, a proximidade com o ex-governador preso, José Roberto Arruda, antes cotado para vice na chapa tucana à Presidência.

Na edição tucana do Jornal Nacional de 10 de abril, os textos diziam sobre Serra e o evento de lançamento de sua candidatura coisas como:

Enfatizou que o Brasil pode avançar mais com a união de todos os brasileiros

O espaço no auditório ficou pequeno para receber os militantes que vieram de diferentes pontos do país

Serra é o construtor do futuro. Essas qualidades não são natas. Vão se formando. Serra construiu a sua condição de líder

E, em contraposição ao programa “radical” de governo que o JN pintou para Dilma, para Serra foi pintado o seguinte quadro:

Melhoria da qualidade de ensino e do sistema de saúde. Desenvolvimento econômico com equilíbrio ambiental. Liberdade de imprensa como condição para a democracia

As imagens da reportagem do JN sobre Serra ontem também foram cinematográficas, tendo sido usados enquadramentos das cenas que poderiam ter sido feitos pelo próprio PSDB. Dali em diante, a cobertura prosseguiu de forma quase lírica.

A partir de 1º de julho, portanto, que cada cidadão que preza a democracia copie e guarde cada uso eleitoreiro de concessão pública em benefício de Serra, sobretudo os da Globo. Esse material poderá servir até mesmo para impugnar a candidatura da mídia.


Não se pode dividir o Brasil


Em seu discurso no evento de lançamento de sua candidatura a presidente, José Serra acusou os adversários de pretenderem “dividir” o Brasil. Quero dizer ao candidato que não é possível dividir o que foi dividido há quinhentos anos e nunca mais foi reunido. 

Como dividir mais o Norte e o Nordeste do Sul e do Sudeste?
Como dividir mais a condição de vida escandalosa de ricos e de pobres?
Como dividir mais a educação das elites e a educação das massas?
Como dividir mais a saúde das elites e a saúde das massas?
Como dividir mais a segurança, a habitação, os transportes e as oportunidades da elite e das massas?

Isso tudo já foi dividido pelos aliados de Serra e pelo grupo social a que ele serve. O que se faz, agora, é tentar reunir, não o conformismo entre pobres e ricos, mas a qualidade de vida, as oportunidades de vencer, a esperança.

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