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Mostrando postagens de dezembro, 2013

Espetáculo da violência, sociedade doente

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CELSO VICENZI Que sentimentos ligam a barbárie nos estádios, a glorificação midiática das lutas sangrentas e a indiferença diante da desigualdade social As cenas exibidas no jogo Atlético Paranaense e Vasco da Gama, em Joinville (SC), na última rodada do Brasileirão – para além de todos os erros das autoridades públicas e privadas, que poderiam ter evitado ou minimizado o problema –, são a confirmação da falência do Estado e das instituições democráticas para lidar com um fenômeno que se repete com enorme frequência diante da passividade de quem deveria buscar soluções e acionar mecanismos para evitar atos de selvageria, dentro e fora dos estádios. Para uma parcela das torcidas, o jogo de futebol deixou de ser a principal motivação para ir aos estádios. A adrenalina de confrontos com torcedores adversários parece produzir mais sensação de prazer do que um grito de gol. Parece haver uma glorificação da brutalidade, como, por exemplo, na ascensão como fenômeno de massa, com d

Síndrome de Whitney Houston: o virtuosismo vocal estéril é o legado do The Voice à música brasileira

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Torturam as notas até não sobrar nada delas, ignoram as letras em prol de um exibicionismo obtuso, matam a pauladas a gentileza Kiko Nogueira Sam Alves (Foto: Reprodução/TV Globo) O programa “The Voice” deixa como legado uma praga sinistra na música brasileira: o oversinging, a exibição de musculatura vocal e virtuosismo estéril que destrói qualquer canção. Não era uma tradição brasileira. É uma herança bastarda do gospel. É o que já fazem há algum tempo, lá fora, Christina Aguilera, Mary J. Blige, Jessica Simpson, Josh Groban, Beyoncé, a insuportável Céline Dion, entre outros. Torturam as notas até não sobrar nada delas, ignoram as letras em prol de um exibicionismo obtuso, matam a pauladas a gentileza. O ganhador do karaokê da Globo, Sam Alves, começou sua epopeia esfaqueando a delicada “Hallellujah”, de Leonard Cohen, e terminou gritando alguma outra música. É um retrocesso para o Brasil. João Gilberto e Tom Jobim — e depois seus seguidores Chico Buarque, Caetano Velos

A vez dos amigos do povo

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Quando os amigos do povo convocam as ruas é porque as instituições já não bastam para assegurar o poder do conservadorismo. Saul Leblon  A hora dos amigos do povo O conservadorismo brasileiro percorreu todo um alfabeto de alternativas ao longo de 2013 até se convencer de que, isoladamente, nenhuma das vogais ou consoantes lhe daria o que procura. O caminho da volta ao poder. A rua emerge como a derradeira aposta de quem, sucessivamente, ancorou o seu futuro no julgamento da AP 470, na explosão da inflação, no apagão das hidrelétricas, no abismo fiscal e, ainda há pouco, na hecatombe decorrente da redução da liquidez nos EUA. Cada uma dessas alternativas, mesmo sem deixar de impor constrangimentos objetivos ao país e ao governo, mostrou-se incapaz de destruir o contrapeso de acertos e conquistas acumulados ao longo dos últimos 12 anos. A irrupção de protestos em plena Copa do Mundo tornou-se assim a nova bala de prata acalentada por aqueles que, corretamente, ressentem-se de um a

TERRORISTAS ECONÔMICOS PERDERAM APOSTAS EM 2013

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Marco Damiani no BRASIL 247 Da garantia do apagão de energia feita na virada de 2012 para 2013, que não ocorreu, à previsão do estouro nas contas públicas, que, na verdade, bateram recorde positivo, projeções funestas para economia brasileira não se materializaram; colunistas da mídia familiar como Eliane Cantanhêde e Miriam Leitão erraram todas as suas previsões negativas; economistas como Ilan Goldfajn, do Itaú Unibanco, defenderam o desemprego como instrumento de controle da inflação, mas equipe econômica não acatou sugestão e manteve inflação na meta com regime de pleno emprego; vaticínio de fracasso nas concessões, formulado por André Esteves, do BTG Pactual, também foi desmentido pelos fatos Com uma inflação que não deve chegar a 6% em 2013, dentro da meta estabelecida pelo Banco Central de até 6,5%, o ano vai se encerrando sem a crise prognosticada pelos oráculos da mídia familiar, incessantemente, nos últimos doze meses. Além da taxa de variação de preços sob controle, resultad

A GENTE NUNCA PERDE POR SER LEGÍTIMO, MAS QUEM CONTA A HISTÓRIA SÃO OS VENCEDORES, NÃO ESQUEÇAM!

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Hildegard Angel O fascismo se expande hoje nas mídias sociais, forte e feioso como um espinheiro contorcido, que vai se estendendo, engrossando o tronco, ampliando os ramos, envolvendo incautos, os jovens principalmente, e sufocando os argumentos que surgem, com seu modo truculento de ser. Para isso, utiliza-se de falsas informações, distorções de fatos, episódios, números e estatísticas, da História recente e da remota, sem o menor pudor ou comprometimento com a verdade, a não ser com seu compromisso de dar conta de um Projeto. Sim, um Projeto moldado na mesma forma que produziu 1964, que, os minimamente informados sabem, foi fruto de um bem urdido plano, levando uma fatia da população brasileira, a crédula classe média, a um processo de coletiva histeria, de programado pânico, no receio de que o país fosse invadido por malvados de um fictício Exército Vermelho, que lhes tomaria os bens e as casas, mataria suas criancinhas, lhes tiraria a liberdade de ir, vir e até a de escolher. As

Anotações sobre uma farsa (II)

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Era preciso expor José Dirceu ainda mais - e também José Genoino - à execração pública. Concentrar neles toneladas de ressentimento sem fim. Eric Nepomuceno - no Carta Maior Quando se postulava a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, o então juiz Joaquim Barbosa procurou José Dirceu, ministro-chefe da Casa Civil do primeiro governo de Lula (2003-2007). Apresentou um pedido de rotina: apoio para que seu nome fosse levado ao presidente, a quem cabe indicar os membros da corte suprema. Dirceu recebeu o pedido, e comentou com o postulante: “Bom mesmo será o dia em que os que pretendem chegar ao Supremo obtenham sua indicação por seus próprios méritos, e não por indicações políticas como a que está me pedindo”. Barbosa foi escolhido por Lula porque Lula queria ser o primeiro presidente a indicar um negro para a corte máxima do país. De origem humilde, Barbosa construiu sua carreira graças a um esforço descomunal. Teria méritos profissionais mais que suficientes para chegar ao

2013, o ano das grandes derrotas

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Miguel do Rosário   Retrospectiva de um ano ultracansado O ano de 2013 foi curioso para o Brasil. Todos saíram derrotados. A Globo perdeu audiência e foi pega sonegando imposto. O PT viu seus melhores quadros serem presos, um deles (justamente aquele mais traumatizado por quatro anos de tortura na ditadura) foi novamente preso e torturado – desta vez, psicologicamente, de forma ainda mais sádica e cruel, por sete ou oito anos. Genoíno sempre repete para os amigos que a tortura moral inflingida pela mídia é muito pior do que a tortura física da ditadura; porque vai direto na sua alma. Os blogs também perderam. Ficaram imprensados entre um governo assustado e a loucura revolucionária (?) das ruas. As ruas… As ruas também perderam. Depois de mostrar seus enormes pés, as ruas não conseguiram revelar uma cabeça. A lógica do espetáculo rapidamente prevaleceu. Tornou-se uma diversão de final de tarde. Os jovens na rua sem saber porque estavam na rua. Os policiais, também perdidos. E

O horror que é proibir que se leia livro por mais de duas horas na Papuda

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  Paulo Nogueira Você não pode ler livremente na Papuda Está no site do PSDB de São Paulo: “Mensaleiros presos na Papuda perdem regalias”. É a reprodução, bovina e automática, de um texto do Estadão. Bem, quais as regalias? A resposta mostra, ao mesmo tempo, a estupidez do Estadão e o desapreço que existe no Brasil pelo hábito da leitura. A grande regalia subtraída é, acredite, poder ler. Segundo o Estadão, os presos do PT agora só poderão ler duas horas por dia, e na biblioteca. Isso quer dizer que os presos na Papuda – não estou falando de Dirceu e Delúbio – estão submetidos a um regime no qual lhes é proibido ler além de duas horas, e não na cela. Não se incentiva a leitura. Ela é cerceada como uma coisa má. Que idiota estabeleceu aquela regra? E por que os editores do Estadão – e todos os demais que replicaram a perda das “regalias” – não denunciaram esta violência do Estado? É tão grande a preocupação do Estadão em construir uma imagem monstruosa de Dirceu que se agarra a uma des

PRESOS NO NATAL, PETISTAS DOCUMENTAM A AP 470

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BRASIL 247 Enquanto José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino passam o primeiro Natal presos, seja na Papuda, seja em prisão domiciliar, nasce um blog, na internet, disposto a contar "o que setores da mídia não dizem sobre o suposto mensalão"; lá estão reportagens da revista Retrato do Brasil, um livro de Paulo Moreira Leite e até uma entrevista do conservador Ives Gandra Martins, em que ele diz que José Dirceu foi condenado sem provas; lançado pelo deputado estadual Fernando Mineiro (PT-RN), serve de contraponto ao discurso hegemônico que hoje aponta até que presos em regime semiaberto, mas encarcerados em regime fechado, estão tendo "regalias" A julgar pelo discurso oficial da mídia, personagens como José Dirceu e Delúbio Soares, que foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal ao regime semiaberto, mas que estão desde 15 de novembro encarcerados em regime fechado, vêm tendo "regalias" na Papuda. Em resposta a esses supostos privilégios, a Var

Joaquim Barbosa mais uma vez mostrou do lado de quem está

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Paulo Nogueira Ele Haddad podia economizar o dinheiro e o tempo gastos na viagem a Brasília. Só quem acredita em tudo, para usar a grande máxima de Wellington, poderia acreditar na hipótese de Joaquim Barbosa acolher o pedido de Haddad para que vigorasse imediatamente o reajuste do IPTU em São Paulo. Não se trata apenas do ódio patológico já demonstrado tantas vezes por Barbosa pelo PT. Barbosa parece aquele chefe do Inspetor Clouseau que desenvolve uma raiva de tal ordem pelo subordinado que acaba por levá-lo ao manicômio. Em sua louca cavalgada, ele fez coisas incríveis como negar a Dirceu o direito de ver o enterro de Chávez. Temos visto o que tem feito com Genoino também. Mas o problema vai além. Na questão do IPTU, você tem de um lado as pessoas mais ricas de São Paulo, sobre as quais recairia um aumento. Na defesa delas, e de seus privilégios, saiu nada menos que a Fiesp, que congrega as indústrias paulistas. De outro lado, você tem o Zé do Povo, como o patri

Valeu, Skaf: Haddad se diz socialista e sinaliza mudança de tom do seu governo

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Renato Rovai O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, é um político sem votos. Foi candidato a governador em 2010 e de um colégio de aproximadamente 24 milhões de eleitores que se dispuseram a ir às urnas, conseguiu que um milhão o escolhessem para o cargo. Ou seja, 4,5%. Um fiasco para quem se gaba de presidir a principal entidade do capital industrial brasileiro. Um fiasco para quem liderou, como se fosse um Robin Hood, um movimento contra a CPMF, imposto vinculado à saúde e que, entre outras coisas, contribuía para diminuir a sonegação. Joaquim Barbosa também é um político sem votos. É um dos juízes mais políticos de todos os tempos do Supremo Tribunal Federal. E tem utilizado seu cargo para fazer política contra o PT. Talvez por isso mais do que por qualquer outra coisa deu ganho de causa à Fiesp contra a Prefeitura na batalha do IPTU. Skaf fez de novo o que dele se esperava. Agiu como um Hobin Hood da Fiesp, que historicamente defende que se tire dinheiro dos pobres para

Aos 65 anos, Declaração Universal dos Direitos Humanos é desprezada pela TV

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Laurindo Lalo Leal Filho (*) Artigo publicado originalmente na Revista do Brasil TV despreza a Declaração de Direitos Humanos Correndo solta, sem qualquer regulação, a TV se vê livre para atacar os Direitos Humanos impunemente. Não existem, como na Europa, órgãos reguladores com poder “King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?” afirmou Danilo Gentili na TV. A um telespectador que contestou o caráter racista da frase respondeu pelo twiiter de forma a deixar ainda mais claro o seu preconceito: “quantas bananas você quer para deixar essa história pra lá?” O moço é reincidente. Há algum tempo o alvo foi religioso. Sobre a polêmica da futura estação do metrô paulistano no bairro de Higienópolis, habitado por muitos judeus, disse: "entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz”. Desculpou-se depois mas o

Médica brasileira, formada em Cuba: Brasil é um país “medicalocêntrico”

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Heloisa Villela, de Nova York, especial para o Viomundo Conheci Marina Corradi no lobby de um hotel de Havana, em Cuba, no fim de fevereiro de 2010. Nós duas aguardávamos a chegada do presidente Lula que, de Cuba, seguiria para o Haiti. Marina não é jornalista como eu. Ela já era médica, formada pela Universidade Latino Americana que prepara, em Cuba, profissionais de saúde de vários países. Marina estava a caminho do Haiti a convite dos cubanos, para participar de uma brigada internacional de ajuda ao país recém-devastado por um terremoto. Eu desembarquei no Haiti pouco mais de 24 horas após o terremoto, em janeiro, e sabia bem o que Marina iria encontrar por lá. Pensei, na época: “Que coragem e que disposição!” Ela não tinha obrigação de ir. Inscreveu-se voluntariamente e, quando veio o convite, se afastou do trabalho para participar da missão humanitária. Agora, Marina está no Brasil. É médica de família no posto de saúde da cidade de Juatuba, em Minas Gerais. Um município que tem

Miruna, a filha de Genoino

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O drama de Genoíno tem extremos de caráter. De um lado, Joaquim Barbosa. A ele se contrapõe Miruna, que representa o que há de melhor no caráter humano. Paulo Nogueira no Carta Maior Miruna. Poucas pessoas me impressionaram tanto, em 2013, quanto Miruna, a filha de Genoino. As circunstâncias revelam a pessoa, sabemos todos. E no drama de seu pai, perseguido implacavelmente por Joaquim Barbosa e defendido tibiamente pelo PT, Miruna se mostrou um colosso. Quem haveria de supor que por trás de uma jovem mulher tão doce e tão delicada estava uma leoa? Sua ira santa passará para a história como um testemunho do suplício ignominioso imposto a um homem que dedicou sua vida à luta por um país socialmente justo. O drama de Genoino tem extremos de caráter. De um lado, você tem Joaquim Barbosa, impiedoso, vingativo, um homem que parece se comprazer no sofrimento alheio. Joaquim Barbosa é o antibrasileiro, a negação da índole generosa e cordial dos filhos do Brasil. É também, para lembrar um gr

Mais uma do nosso ex Procurador Geral de Petistas

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PF ESTOURA CAIXA 2 DO DEM. GURGEL ENGAVETOU Investigação do MPF revela esquema de caixa 2 envolvendo a governadora Rosalba Ciarlini, do Rio Grande do Norte, única do DEM, e o presidente do partido, Agripino Maia; esquema é revelado em reportagem da revista Istoé que chega nesta sexta (20) às bancas; recursos do governo do Rio Grande do Norte saíam dos cofres públicos para empresas que financiam campanhas do DEM por meio de um esquema de concessão de incentivos fiscais e sonegação de tributo, que contava com empresas de fachada e firmas em nome de laranjas; escutas telefônicas mostram Agripino Maia cobrando a liberação de recursos para um aliado; caso, que chegou à PGR em 2009, foi arquivado pelo então procurador Roberto Gurgel A chegada da edição de Natal da revista Istoé às bancas não traz notícias boas para o DEM, principalmente para a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, e ao presidente do partido, Agripino Maia. Ambos estão sendo investigados pelo Minis

DITADURA JUDICIAL E IPTU

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Paulo Moreira Leite Pressão contra Haddad envolve soberania popular e democracia Muitas vezes, os golpes contra a democracia são movimentos óbvios e visíveis, ilustrados por tanques de guerra, baionetas e generais. Vivemos tempos em que a consciência democrática dos povos rejeita ataques frontais a seus direitos e é capaz de sair às ruas para defender conquistas históricas e permanentes. São tempos de judicialização, quando forças conservadoras, sem voto, batem a porta dos tribunais para ameaçar a soberania popular, ignoram a vontade do cidadão e procuram resolver, às suas costas, o que é melhor para um país, um Estado, uma cidade.  A Constituição diz, no artigo 1, que todos os poderes emanam do povo, e são exercidos através de representantes eleitos – ou diretamente, na forma da lei. Penso nisso diante da mais recente cena do Superior Tribunal Federal. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, eleito de forma límpida e clara em 2012, foi obrigado a apresentar rec